Por Chico Alves
Dois senadores e quatro deputados federais brasileiros desembarcam hoje nos Estados Unidos para encontros com políticos americanos em articulação para criar uma frente internacional em defesa da democracia. O objetivo é se contrapor ao avanço mundial da extrema direita.
Na agenda, estão previstas reuniões com vários parlamentares americanos — incluindo Jamie Raskin, deputado democrata que preside a CPI que investiga a invasão do Capitólio — integrantes da Comissão de Direitos Humanos da OEA, representantes dos movimentos sociais e com o senador Bernie Sanders.
Estão no grupo a senadora Eliziane Gama (PSD/MA) — que presidiu a CPMI do 8/1 –, o senador Humberto Costa (PT/PE) e os deputados — Rogerio Correa (PT/MG), Rafael Brito (MDB/AL), Jandira Feghali (PCdoB/RJ) Pastor Henrique Vieira (PSOL/ RJ).
“Esta viagem tem por objetivo iniciar uma articulacão mais orgânica entre forças e representações politicas que concordam em fazer o contraponto à articulação da extrema direita em nome dos valores democráticos”, explicou a deputada Jandira Feghali, em entrevista ao ICL Notícias.
“Nos Estados Unidos e no Brasil houve duas CPIs para apurar as tentativas de golpe tanto no Capitólio em 06 de janeiro, que nos convida, quanto a que investigou o 8 de janeiro. Vamos começar por este encontro”.
Segundo a deputada, a ideia é reforçar a democracia e o respeito aos direitos democráticos. “Isto inclui a regulação das redes”, destaca ela. “Obviamente que esta articulação enfrentará o movimento que a extrema direita tem feito. A ideia é expandir para países de outros continentes, a começar pela Europa”.
No contato com esses políticos americanos, os parlamentares brasileiros pretendem tratar sobre a importância do Brasil como laboratório do extremismo de direita internacional. A agenda de encontros vai se estender até o dia 2 de maio.
CPI nos EUA
Junto com outros 38 parlamentares da base do governo dos Estados Unidos no Congresso, o deputado Jamie Raskin ajudou a articular em meados de 2022 a carta ao presidente Joe Biden que pediu que ele deixasse “inequivocamente claro” para Jair Bolsonaro que o Brasil ficará “isolado dos EUA e da comunidade internacional” em caso de “tentativas de subverter o processo eleitoral do país”. Além disso, ele sugeriu que os EUA revissem a proximidade do Brasil com a Otan e a entrada na OCDE se isso ocorresse.
Na CPI do Capitólio, Raskin investigou ligação entre Bolsonaro, Trump, Putin e Orbán, lideranças da extrema direita internacional.
Na semana passada foi aberta na Hungria a Conferência de Ação Política Conservadora, na verdade o encontro de representantes da extrema direita de vários países.
No sábado (27), ao lado do primeiro-ministro húngaro Viktor Orbán, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) voltou a afirmar que a democracia brasileira está sob ataque e que seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, e os seus apoiadores estão sofrendo censura, em referência à tentativa de golpe do 8 de janeiro. Na ocasião, o parlamentar também elogiou o dono do X, Elon Musk, que tem feito campanha contra o Suoremo Tribunal Federal do Brasil e o governo Lula.
Articulação internacional da extrema direita
Em uma das agressões dessa onda de ataques, que comprova a articulação internacional dos reacionários, o dono do “X” (antigo Twitter) chamou Moraes de “ditador brutal” e disse que o ministro tem o presidente Lula “na coleira”.
Musk atacou Moraes pela primeira vez no dia 6 de abril e ameaçou reativar os perfis de usuários bloqueados pela Justiça. O bilionário, queridinho da extrema-direita, acusa o ministro de censura e de ameaçar prender funcionários da rede social no Brasil.
Depois, Musk respondeu a publicações feitas pelos deputados federais Marcel van Hattem (Novo–RS) e Nikolas Ferreira (PL–MG). Ao interagir com o parlamentar gaúcho, o bilionário questionou o motivo de o Congresso manter Moraes como ministro.
“Por que é que o parlamento permite a Alexandre o poder de um ditador brutal? Eles foram eleitos, ele não. Jogue-o fora”, escreveu.
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