Uma pesquisa realizada pelo Datafolha apontou que os evangélicos da cidade de São Paulo não concordam com todos os pontos das pautas bolsonaristas. A maioria dos entrevistados pelo instituto de pesquisa se declarou contra o armamento da população, o homeschooling e a defesa da prisão para mulheres que decidem interromper a gravidez. O Datafolha entrevistou 613 paulistanos entre os dias 24 e 28 de junho.
Em relação ao aborto, os evangélicos de declaram contra interrupção da gravidez deixar de ser crime: 68% se dizem contra, percentual quase três vezes maior que os 23% que se consideram a favor; 4% são indiferentes, e 5% não sabem responder.
Quando a pergunta envolve a prisão das mulheres que abortam, tema que entrou no debate público nos últimos meses por causa de um projeto de lei na Câmara dos Deputados que ficou conhecido como o PL do Estupro, a opinião muda. Neste ponto, 53% se colocam contra a prisão, que no Legislativo foi defendida por vários bolsonaristas, e 29% dizem ser a favor. Os indiferentes são 7%, e os que não sabem somam 11%.
Uma das marcas da campanha e da gestão de Jair Bolsonaro, a defesa do armamento da população não é defendida pela maioria dos evangélicos: 66% são contra os cidadãos terem armas para se defender, ante 28% que são a favor, 4% de indiferentes e 2% que não sabem.
No caso do homeschooling — pauta defendida pelos bolsonaristas mais radicais no campo dos costumes, surgida como uma espécie de solução ao que a extrema direita identifica como “doutrinação” política e ideológica por parte dos professores, a discordância chega a 77%. Apenas 19%, cerca de um a cada cinco, dizem-se favoráveis.
Também chama atenção na pesquisa, apesar de o termo “educação sexual” ser complexo e abranger diferentes visões, que a maioria dos evangélicos se coloque favorável ao tema nas escolas, bem diferente do que prega o bolsonarismo. São 74% que concordam, contra 25% que discordam.
Evangélicos: contra casamento gay
Assim como no caso do aborto, pessoas homossexuais despertam visões diferentes entre evangélicos. Se por um lado eles rejeitam a formação de casais por pessoas do mesmo sexo, por outro acreditam que as igrejas devem acolher homossexuais e transsexuais.
Mais da metade, 57%, é contra esse tipo de casamento, e 26% são a favor; o percentual de indiferentes é de 13%, e o de que não sabem responder, 5%.
No caso do acolhimento pelas igrejas, a maioria é esmagadora: 86% concordam que os espaços religiosos devem acolher, ante apenas 12% que discordam, deixando meros 3% para os que não sabem ou não concordam nem discordam.
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