Em julho, o volume de serviços prestados no país cresceu 0,5% frente ao mês anterior. É a terceira variação positiva seguida do indicador, que acumulou ganho de 2,2% no período. Três das cinco atividades pesquisadas ficaram no campo positivo, com destaque para os transportes (0,6%), setor com o maior impacto sobre o resultado geral do índice. Os dados são da Pesquisa Mensal de Serviços (PMS) e foram divulgados hoje (14) pelo IBGE.
Com o avanço de julho, o setor de transportes se recuperou da variação negativa do mês anterior (-0,4%). A principal influência sobre o resultado do setor, na comparação com junho, veio do transporte de cargas, que avançou 1,4%, terceira taxa positiva seguida, acumulando ganho de 5,8% nesses três meses. Com isso, o transporte de cargas atingiu novamente o ponto mais alto da sua série histórica. Dentre as atividades que fazem parte do setor, o rodoviário de cargas foi o maior responsável pela alta de julho.
“Uma das explicações para o crescimento da atividade de transporte rodoviário de cargas desde o pós-pandemia é a mudança de paradigma em relação ao comércio eletrônico, que teve um boom com a migração das lojas físicas para as plataformas digitais. Hoje esse fator perde para a questão agrícola, uma vez que o LSPA vem prevendo uma série de recordes de safra para o milho e a soja. Isso aumenta muito a demanda do transporte de cargas, tanto pelo fluxo de insumos, como os fertilizantes, quanto pelo próprio escoamento da produção agrícola “, explica Rodrigo Lobo.
Os serviços prestados às famílias (1,0%) acumularam um ganho de 4,9% entre abril e julho. “O resultado de julho é o quarto positivo seguido dessa atividade. Nesse mês, os principais impactos vieram da alta das receitas das empresas de restaurantes, hotéis e parques de diversão, que costumam crescer nos períodos em que as famílias saem de férias”, diz o pesquisador. O setor de serviços prestados às famílias segue como o único a não superar o patamar pré-pandemia. Em julho, ele operava 1,7% abaixo do nível de fevereiro de 2020, o menor distanciamento já registrado.
Já os outros serviços (0,3%), com a variação de julho, recuperaram parte da perda do mês anterior (-0,4%). “Essa atividade tem apresentado variações muito próximas da estabilidade. A alta de julho foi impulsionada pelos serviços financeiros auxiliares, que é o segmento mais importante em termos de receita”, diz Rodrigo.
Por outro lado, as duas atividades investigadas pela pesquisa que tiveram resultados negativos em julho foram os serviços profissionais, administrativos e complementares (-1,1%) e informação e comunicação (-0,2%). No caso do primeiro setor, a queda veio após um crescimento de 1,1% no mês anterior.
“A retração nos serviços profissionais, administrativos e complementares é explicada principalmente pela perda de receita de empresas de atividades jurídicas, que haviam crescido no mês anterior devido a ganhos de causas judiciais. Então, a queda é relacionada a essa base de comparação elevada. Outras perdas do setor vieram das empresas de administração de cartões de desconto e de programas de fidelidade, de empresas que atuam com consultoria em gestão empresarial e de serviços de limpeza”, acrescenta.
Já a atividade de informação e comunicação ficou no campo negativo pelo segundo mês seguido na comparação com o mês anterior. “Esse setor também variou -0,1% em junho, então tem uma variação negativa acumulada de -0,3% nesses dois meses, o que é uma perda muito suave. Em julho, os setores que mais influenciaram esse resultado foram os de portais, provedores de conteúdo e ferramentas de busca na Internet, de desenvolvimento e licenciamento de softwares e de distribuição de programas de TV”.
Em julho, o setor de serviços operava 12,8% acima do patamar pré-pandemia, registrado em fevereiro de 2020, e 0,9% abaixo do maior nível da série histórica, alcançado em dezembro do ano passado. “Em julho, o setor alcança o segundo nível mais alto da série histórica. O que temos observado é que, em 2023, os serviços vêm mês a mês com resultados muito próximos ao ponto mais alto da série. Então as forças que operaram dentro do setor no ano passado continuam atuando, como o transporte de cargas, em função do aumento da produção agrícola e do comércio eletrônico, e os serviços de tecnologia da informação, beneficiados pela busca das empresas que queriam oferecer seus bens e serviços nas plataformas digitais”, analisa Lobo.
No ano, o setor de serviços acumula alta de 4,5% frente ao mesmo período do ano passado. Já o acumulado em 12 meses foi de 6,0%.
O crescimento do volume de serviços no país frente ao mês anterior foi acompanhado por apenas 13 estados, com destaque para Rio de Janeiro (1,4%), Goiás (5,6%), Bahia (2,9%), Mato Grosso (3,0%) e Ceará (3,3%). Já as maiores influências negativas vieram do Distrito Federal (-2,9%), São Paulo (-0,1%), Pará (-3,0%), Rio Grande do Sul (-0,6%) e Espírito Santo (-1,8%).
Atividades turísticas crescem 0,7% em julho
Após a variação negativa de 0,1% em junho, o índice de atividades turísticas avançou 0,7% no mês seguinte. O segmento está 6,2% acima do patamar pré-pandemia e 1,4% abaixo de seu maior nível, atingido em fevereiro de 2014.
Nove dos 12 locais pesquisados seguiram o movimento de expansão e, entre eles, os maiores destaques foram São Paulo (4,2%), Bahia (4,4%), Rio de Janeiro (1,4%) e Rio Grande do Sul (1,9%). No campo negativo, as principais variações foram do Distrito Federal (-3,7%) e do Espírito Santo (-4,4%).
Na comparação com julho de 2022, serviços avançam 3,5%
O setor de serviços avançou 3,5% na comparação com o mesmo período do ano passado. A alta foi disseminada por todas as cinco atividades de divulgação, com destaque também para o setor de transportes (2,5%), com o principal impacto positivo sobre o resultado geral. A atividade foi impulsionada pelo crescimento das receitas das empresas de transporte rodoviário de cargas, transporte aéreo de passageiros, transporte por navegação interior de carga, armazenamento, transporte dutoviário e navegação de apoio marítimo e portuário.
As outras atividades tiveram os seguintes resultados: informação e comunicação (3,6%), profissionais, administrativos e complementares (3,2%), serviços prestados às famílias (4,9%) e outros serviços (4,2%).
Mais sobre a pesquisa
A PMS produz indicadores que permitem acompanhar o comportamento conjuntural do setor de serviços no país, investigando a receita bruta de serviços nas empresas formalmente constituídas, com 20 ou mais pessoas ocupadas, que desempenham como principal atividade um serviço não financeiro, excluídas as áreas de saúde e educação. Há resultados para o Brasil e todas as Unidades da Federação. Os resultados podem ser consultados no Sidra.
Esta é a quinta divulgação da nova série da pesquisa, que passou por atualizações na seleção da amostra de empresas, além de alterações metodológicas, com o objetivo de retratar mudanças econômicas na sociedade. São atualizações já previstas e implementadas periodicamente pelo IBGE. A próxima divulgação da Pesquisa Mensal de Serviços será em 17 de outubro.
Da Agência de Notícias do IBGE
Deixe um comentário