Ao longo da última semana observamos um aumento no volume de menções ao Pix, debate esse atrelado principalmente ao uso de desinformação para, gerar engajamento e transtornos que pudessem, em última instância, atingir a imagem do governo. Propagado mais uma vez por influenciadores temáticos atrelados principalmente à fintwit, o tema ganhou proporções perigosas nos últimos dias. As menções atingiram picos de menções distintos: no Instagram o maior volume de interações ocorre no dia 08, enquanto no X (antigo Twitter) ocorre no dia 10. Essa discrepância está atrelada a um buzz maior entre influenciadores temáticos e não-polarizados (Instagram) e o uso político da notícia falsa por atores ligados ao bolsonarismo e à fintwit (X) nas últimas 24h. Nesse cenário, o potencial de dano do tema ao governo federal reside justamente no fato de a pauta reverberar para além da oposição liderada pelo bolsonarismo.

Apesar do pico de menções registrado nos últimos dias, o tema vem sendo explorado à exaustão por influenciadores temáticos desde o dia 2/janeiro. No X, publicações registraram mais de 1,4 milhões de views entre os dias 2 e 3
No Google-BR buscas como “PIX ACIMA DE 5 MIL O QUE ACONTECE”, “COMO FUNCIONA NOVA REGRA DO PIX” e “RECEITA FEDERAL PIX CARTÃO” aparecem em ascensão nos últimos sete dias junto a busca “PIX” e expõe a demanda por informações mais lúcidas sobre o tema.
Esse destaque nos últimos dias se apresenta também nos principais atores e expõe uma dependência delicada para o governo federal: o peso de influenciadores temáticos alheios à polarização política em temas caros à sociedade. Ao analisarmos o debate sobre o Pix nos últimos sete dias, esses influenciadores respondem por sete das dez principais publicações sobre o tema no Instagram. Destaque ainda maior para Gil do Vigor que, sozinho, respondeu por 16% das interações sobre o tema nos últimos sete dias ao (tentar) elucidar qual foi realmente a mudança.
O incômodo — e as notícias falsas — usam a fiscalização e monitoramento de transações (35% das publicações) como mote, deixando em segundo plano qualquer debate sobre transparência e combate à sonegação fiscal. Aqui, uma reação a um suposto controle estatal e uma defesa da “privacidade financeira” (15%) ganham tração. A reação, com denúncias contra fake news e desinformação, gerou 25% das publicações analisadas.
Na esteira da abordagem adotada pelas notícias falsas promovidas por atores atrelados essencialmente à fintwit e oposição, debate sobre os impactos no comércio do uso do Pix (20%) ganham espaço a partir de relatos e imagens de estabelecimentos que, supostamente, já não estariam trabalhando com o método de pagamento.
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