O Federal Reserve (Fed), o banco central estadunidense, anunciou nesta quarta-feira (18) um corte de 0,50 ponto percentual (p.p.) na taxa de juros nos EUA, que agora estão na faixa de 4,75% a 5% ao ano. Esta é a primeira vez desde março de 2020 que a taxa sofre uma redução.
O mercado já aguardava essa decisão, especialmente após os recentes indícios de corte dados pelo presidente do Fed, Jerome Powell. O que ainda gerava incerteza era a dimensão do ajuste, pois os especialistas não tinham chegado a um consenso sobre o tamanho da redução.
No Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês), 11 dos 12 membros votaram a favor do corte de 0,50 p.p., incluindo Powell. O único voto divergente foi para uma redução menor, de 0,25 ponto percentual.
Em comunicado oficial, o FOMC justificou a medida com base no progresso observado na inflação e no equilíbrio dos riscos, acrescentando que continuará monitorando os impactos das informações econômicas para definir futuras ações, sem detalhar quais serão os próximos passos.
Essa redução nos juros americanos tem reflexos no Brasil. Juros altos nos EUA aumentam a atratividade dos Treasuries (títulos públicos dos EUA), o que pode impactar negativamente os mercados de ações e a cotação do dólar, já que investidores migram para ativos mais seguros. A queda das taxas, por outro lado, pode trazer alívio para o mercado, incentivando os investidores a assumir mais riscos e investir em economias emergentes, como o Brasil. Isso tende a fortalecer o real, que vinha perdendo valor com a alta do dólar devido aos juros elevados nos EUA.
No acumulado do ano, o dólar subiu quase 12% frente ao real. Entretanto, nas últimas semanas, a moeda americana começou a perder força com os sinais de que o Fed reduziria os juros nesta reunião.
Com inflação de até 8%, taxa de juros nos EUA se mantive alta
Entre julho de 2023 e esta quarta-feira, o Fed manteve sua taxa de juros entre 5,25% e 5,50%, em um cenário de inflação que, em 2022, ultrapassou os 8% — o nível mais alto em mais de quatro décadas. Agora, a inflação caiu para 2,5%, mais próxima da meta de 2% estabelecida pelo banco central dos EUA.
No comunicado divulgado nesta quarta, o FOMC afirmou que a inflação fez mais progressos em direção à meta, mas ainda destacou que os preços continuam “um tanto elevado”.
“O Comitê ganhou maior confiança de que a inflação está se movendo de forma sustentável em direção a 2%, e julga que os riscos para atingir suas metas de emprego e inflação estão aproximadamente em equilíbrio”, diz o documento.
O FOMC também observou que indicadores recentes mostram uma expansão contínua da atividade econômica, embora o crescimento do emprego tenha desacelerado e a taxa de desemprego tenha subido ligeiramente, mantendo-se em níveis baixos.
Ao avaliar futuros ajustes na política monetária, o Comitê indicou que continuará observando atentamente os dados econômicos e os riscos potenciais que possam prejudicar o alcance de suas metas.
Impacto Global dos Juros Americanos
Além de afetar os mercados financeiros e a cotação do dólar, a taxa de juros nos EUA tem implicações econômicas globais. Juros mais altos nos Estados Unidos podem indicar uma desaceleração econômica mundial, uma vez que empréstimos e investimentos se tornam mais caros.
A decisão de corte nos EUA também pode influenciar a política monetária no Brasil, permitindo que o Banco Central brasileiro tenha mais espaço para reduzir os juros por aqui, trazendo alívio ao cenário econômico local.
Agora, o foco do mercado está na aguardada decisão do Comitê de Política Monetária do Brasil (Copom).
Com informações do G1
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