Com a saída forçada de José Mauro Coelho da presidência da Petrobras após 68 dias no cargo, devido a pressões do governo Bolsonaro, a Petrobras passa a ser comandada, interinamente, pelo atual diretor executivo de Exploração e Produção da companhia, Fernando Borges.
De acordo com o comunicado da Petrobras, protocolado junto à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Borges ficará na presidência da Petrobras até que seja eleito e empossado um novo presidente na estatal.
Há a expectativa do governo de que Caio Paes de Andrade, secretário de Desburocratização do Ministério da Economia, assuma, em breve, a presidência da Petrobras. Ele foi indicado a presidência da Petrobras há um mês pelo governo e aguarda os trâmites legais definidos para a substituição. Ele é assessor do ministro da economia, Paulo Guedes.
Porém, para que assuma a presidência da Petrobras, o comitê da estatal deve analisar dois documentos: o “background check de integridade”, que avalia a integridade do indicado, e o “background de covenants”, que avalia o currículo e a capacitação profissional. Há controvérsias sobre a formação de Paes de Andrade, visto que ele não cumpre o requisito da Lei das Estatais de experiência na área.
O documento será, então, enviado como recomendação ao Conselho de Administração da estatal, responsável pela votação do nome de Caio. A escolha para a presidência da Petrobras pode ocorrer no mesmo dia, caso o presidente do conselho, Márcio Weber, convoque os demais membros.
Com a decisão do Conselho de Administração, Caio assume a posição de membro de Conselho de Administração e, então, a presidência da Petrobras. Com a nomeação, ele toma posse e pode nomear os diretores, que também vão precisar ser aprovados pelo conselho.
Quem é Fernando Borges, presidente interino da Petrobras
Até que esse procedimento seja concluído, fica Fernando Borges no comando da petrolífera. Funcionário de carreira, Borges trabalha na Petrobras há quase 40 anos, tendo ocupado diversas funções gerenciais na área de Exploração e Produção, incluindo a Gerência Executiva de Libra e a Gerência Executiva de Relacionamento Externo.
Entre 2016 e março de 2020, Borges também atuou como Diretor no Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP) e desde abril de 2016 exerce, por indicação da Petrobras, a função de Diretor da Associação Brasileira de Empresas de Exploração e Produção de Petróleo e Gás (ABEP)
A política de preços da Petrobras segue a mesma adotada em 2016 pelo governo Michel Temer. Ela é submetida ao critério de paridade internacional, o que significa que os preços dos combustíveis levam em consideração a cotação do barril de petróleo no mercado internacional e, também, as oscilações do dólar.
O presidente Jair Bolsonaro, no entanto, “exige” que os preços dos combustíveis sejam contidos para conter desgastes de imagem, devido à alta inflação no País, já pensando na reeleição, mas sem mexer na política de preços. Por esse motivo, prefere atacar a Petrobras e tem elevado o tom das críticas. Chamou de “estupro” o lucro da estatal e pressionou a empresa a não aplicar reajustes.
A presidência da Petrobras ficou vaga no começo na manhã da última segunda (20), quando foi formalizada a saída de José Mauro Coelho, que pediu demissão do cargo após cerca de um mês de constante pressão do governo. Ele foi o terceiro executivo a deixar a presidência da estatal no governo de Jair Bolsonaro.
Presidência da Petrobras passou por diversas trocas no período de um ano
Com pedido de demissão ontem, José Mauro Coelho permaneceu 68 dias como presidente da Petrobras. “Após cerca de 14 anos no serviço público, dos quais quatro como Diretor de Petróleo, Gás e Biocombustíveis da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) e um ano e meio como Secretário de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia (MME), José Mauro Ferreira Coelho deixa o serviço público”, informou o MME.
Segundo o MME, após o período regulamentar de quarentena, José Mauro retornará ao setor energético nacional para atuar na iniciativa privada.
Antes de Mauro Coelho, ocuparam a presidência da estatal, Roberto Castello Branco e o general Joaquim Silva e Luna, que também deixaram o comando diante pressão do próprio governo por conta da alta de preços dos combustíveis.
Na segunda-feira, logo após o pedido de demissão de Mauro Coelho, o governo federal indicou o nome do atual secretário de desburocratização do Ministério da Economia, Caio Paes de Andrade, para assumir o comando da Petrobras.
Paes da Andrade passou da iniciativa privada para a área pública em 2019. Liderou mais de 20 processos de M&A (fusões e aquisições) e é fundador e conselheiro do Instituto Fazer Acontecer, organização com foco na transformação social de crianças e adolescentes do semiárido baiano com base no esporte.
Antes de ser assessor do ministro da economia Paulo Guedes, foi também diretor-presidente do Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro), empresa pública de tecnologia de informação responsável, por exemplo, pela triagem dos cadastros do auxílio emergencial.
Candidato para assumir o comando da Petrobras, Paes de Andrade tem formação em comunicação social pela Universidade Paulista, pós-graduação em administração e gestão pela Universidade de Harvard e é mestre em administração de empresas pela Universidade Duke, nos Estados.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias
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