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Juliana Dal Piva

Formada pela UFSC com mestrado no CPDOC da FGV-Rio. Foi repórter especial do jornal O Globo e colunista do portal UOL. É apresentadora do podcast "A vida secreta do Jair" e autora do livro "O negócio do Jair: a história proibida do clã Bolsonaro", da editora Zahar, finalista do prêmio Jabuti de 2023.

Filha de Ronnie Lessa: Se ele realmente cometeu esse crime, terá caminho longe do meu

“Essa atrocidade vai contra tudo o que somos e pensamos”, escreveu Mohana Lessa, sobre assassinato de Marielle e Anderson
24/01/2024 | 15h20

Mohana Lessa, filha do ex-PM Ronnie Lessa, afirmou à coluna desconhecer um acordo de delação premiada entre seu pai e a PF (Polícia Federal). Ela disse que não fala diretamente com Ronnie há cerca de 6 meses e que a família tentará fazer contato com ele nos próximos dias, mas depende de uma série de autorizações do Judiciário para que isso seja possível.

A filha de Ronnie Lessa ressaltou que o pai sempre declarou, para ela, ser inocente da acusação do MP do Rio (Ministério Público do Rio) que o aponta como o assassino da vereadora Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes. Um procedimento preparatório de acordo de colaboração premiada entre Ronnie Lessa e a PF foi enviado para o STJ (Superior Tribunal de Justiça). O acordo, porém, ainda não está concluído.

A fase é de corroboração das declarações de Ronnie, mas o documento não está pronto e ainda precisa ser levado à homologação. O ICL revelou que Ronnie apontou como mandante do crime uma pessoa com foro de prerrogativa de função. O site Intercept Brasil afirma que o mandante é Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Rio (TCE–RJ).

Segue, na íntegra, o texto enviado por ela para a coluna:

“Há quase cinco anos, eu tomei a decisão de abandonar minha carreira internacional e minha vida toda para me dedicar 101% a provar a inocência do meu pai no Caso Marielle e Anderson. Porque eu tomei essa decisão? Porque ele me garantiu sempre que era inocente.

Me vi sozinha, com 22 anos, tomando conta de dois irmãos mais novos, indo visitar meu pai, minha mãe e meu tio na prisão toda semana, acompanhando mais de 8 processos todo dia, estudando cada detalhe e cada página do inquérito principal, e ainda me defendendo de duas histórias que foram criadas contra mim que até hoje não me deixam dormir.

Consequências: engordei 50 kg, me isolei do mundo, perdi minha carreira, meus colegas, piorei meus quadros psicológicos de TAG, tricotilomania, TEPT, depressão e TOC e passei a tomar 3 remédios pra dormir que não me fazem dormir mais do que 3 horas por noite. É um pesadelo sem fim.

Com os últimos acontecimentos, o que posso falar em nome de toda família é que: SE ele realmente cometeu esse crime, com toda dor no meu coração, nós não poderemos mais ter qualquer tipo de relação com ele. Essa atrocidade vai contra tudo o que somos e pensamos. E, se eu realmente perdi todo esse tempo tentando provar algo inexistente, não me restará escolha a não ser pedir que Deus o abençoe em seu caminho, que será longe do meu.

Minha esperança para que tudo isso seja mentira continua acesa. Até o último segundo, eu preciso acreditar no melhor”.

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