Por Chico Alves
Em Assembleia Geral, a ONU está analisando uma nova resolução contra o embargo decretado pelos Estados Unidos há mais de seis décadas contra Cuba. O texto foi entregue pelos cubanos à ONU nesta terça-feira (29). O país apresentou mais um projeto de resolução do bloqueio econômico instituído em 1962, em plena Guerra Fria.
O cônsul-geral do país em São Paulo, Benigno Pérez, falou com o ICL Notícias sobre a importância dessa reunião na ONU e sobre a expectativa de que os Estados Unidos finalmente sigam os demais países. “É muito importante para Cuba, pois significa o respaldo ético e moral a uma posição digna”, diz o diplomata, em relação à discussão na Assembleia da ONU.

Cônsul geral de Cuba, Benigno Pérez
ICL Notícias: Qual a importância da votação que ocorrerá na Assembleia Geral ONU?
Benigno Pérez: O povo cubano sofre um criminoso bloqueio econômico, financeiro e comercial desde fevereiro de 1962. Isso se converteu em uma guerra econômica desde que o presidente Trump aplicou 243 novas medidas asfixiantes e incluiu Cuba na Lista de Países Patrocinadores do Terrorismo.
Há 32 anos Cuba insiste ante a Assembleia Geral das Nações Unidas (AGNU) com a Resolução que exige o fim do bloqueio. O texto foi aprovado por uma alentada maioria de países que integram as Nações Unidas, com o voto contrário somente dos Estados Unidos e Israel.
Qual a sua expectativa para essa votação?
Cuba espera um apoio similar, ainda que o governo do presidente Biden ignore os apelos da comunidade internacional.
É muito importante para Cuba, pois significa o respaldo ético e moral a uma posição digna. Além disso, porque demonstraria o respeito dos Estados Unidos aos outros países.
O que pode acontecer com Cuba se o bloqueio dos EUA for mantido?
Cuba sofre há mais de 62 anos com esse bloqueio e o povo cubano não vai render-se aos ditames de Washington. Continuaremos denunciando em todos os foros internacionais essa guerra econômica e paralelamente buscando opções, como a que recentemente se abriu com a entrada nos BRICS, para resolver nossos problemas e avançar em nosso desenvolvimento.
Que ajuda o governo brasileiro pode dar a Cuba nesse momento?
Do Brasil esperamos a mesma solidariedade de sempre. Porque o povo brasileiro sempre nos acompanhou na nossa luta, que é a luta pela nossa independência e soberania.
Esperamos que o governo brasileiro condene em todos os foros internacionais o cruel bloqueio que tenta matar de fome um povo. E ao mesmo tempo, avançar nos negócios, nos investimentos e para que os brasileiros possam ir a Cuba desfrutar das nossas praias, da nossa cultura e do carinho do povo cubano.
SAIBA MAIS:
Cuba apresenta nova resolução na ONU contra bloqueio dos EUA
Pergunte ao Chat ICL
Relacionados
Brasil entra no foco de Cuba no setor de turismo
Governo cubano aposta em conexão cultural, voos diretos e parcerias com operadores para atrair mais visitantes do Brasil
‘Escalada de conflitos deve causar novas ondas de deslocamento forçado’, alerta ONU
Brasil recebeu mais de 156 mil refugiados em 2024; total de pessoas forçadas a se deslocar no mundo chegou a 123 milhões
‘Eu fico pasmo com o silêncio do mundo’, reitera Lula sobre genocídio em Gaza
'A ONU, que teve coragem de criar o Estado de Israel, não tem força para criar o Estado Palestino', disse o presidente em Paris