O anuncio do rompimento de contrato entre os irmãos Emicida e Evandro Fióti, envolvendo uma briga com acusações financeiras, agitou o universo do rap na última semana. Emicida acusa Fióti de fazer saques no valor de R$ 6 milhões sem sua permissão. Os dois são sócios do Laboratório Fantasma, empresa fundada pelos irmãos em 2009.
Neste domingo (6), Fióti concedeu uma entrevista exclusiva ao programa Fantástico, da TV Globo, onde ele negou acusações de saques indevidos e comentou sobre o fim da parceria com o irmão. Emicida não quis gravar entrevista, mas enviou uma nota por escrito.
“Não, não fiz. Todas as transferências para ambos os sócios, e a divisão de lucros desses 16 anos, sempre foram feitas seguindo os ritos de governança da área administrativa e financeira. […] Eu não trabalhei de maneira antiética em nenhuma vez da minha vida”, afirmou Fióti
O processo judicial é um desdobramento de uma briga antiga, mas que só veio à tona para o público geral no dia 28 de março, quando Emicida anunciou nas redes sociais: “A partir desta data, Evandro Fióti não representa mais os interesses da carreira artística de Emicida”.
De acordo com Fióti, o afastamento dos irmãos começou nos anos de 2017 e 2018. “Eu acredito que a gente construiu coisas muito relevantes, mas chegou um momento que isso se esgotou”, disse em entrevista à TV Globo

Entrevista de Fióti para o Fantástico (Foto: Reprodução/TV Globo)
A trajetória de Fióti e Emicida
Os irmãos Leandro e Evandro, mais conhecidos como Emicida e Fióti, fundaram o Laboratório Fantasma em 2009. Hoje, a empresa administra a carreira de diversos artistas, incluindo a de Emicida.
Pelo contrato, cada um tinha direito a 50% da empresa, mas uma alteração no contrato em 2014, deu a Emicida o direito a 90% da empresa, restando a Fióti apenas os 10% restantes.
Emicida ficou responsável pela área administrativa, mas era acordado que os sócios poderiam realizar saques mensais, desde que todos estivessem em comum acordo. Entretanto, ele teria se surpreendido com as transferências realizadas pelo irmão.
Em entrevista, Fióti negou ter realizado transações sem consentimento de Emicida: “Ele foi avisado [da transferência]. Existe um e-mail dentro dos nossos e-mails institucionais e corporativos, existem evidências disso internamente, de que ele sabia”, disse. “Dinheiro nunca foi o que me mobilizou. Desde a época que eu era servente de pedreiro, desde a época que eu fui líder em uma rede de fast-food. O que me mobiliza é o que eu quero construir. E na Laboratório Fantasma nunca foi diferente disso”, completou Fióti.
Em vídeo divulgado pelo jornal Folha de São Paulo, Emicida disse em uma reunião concordar com os saques feitos pelo irmão.
Reunião entre Emicida e Fioti (🎥: Folha de S. Paulo) pic.twitter.com/XG5IPDc7L6
— WWLBD ✌🏻 (@whatwouldlbdo) April 4, 2025
Em nota, a defesa do cantor Emicida disse que a gravação da reunião foi tirada de contexto.
O começo do fim
No dia 12 de março, os advogados de Emicida informaram que, enquanto presidente da Laboratório Fantasma, ele havia revogado os poderes de Fióti para atuar como procurador da empresa. Com isso, o irmão mais novo deixava de ter autorização para agir como gestor ou representante do grupo.
Em nota, Emicida disse estar triste com a situação: “Não quero e não vou espetacularizar essa situação, minha família, que eu amo tanto. Peço que meus fãs, amigos e parceiros compreendam este momento difícil”.
Já Fióti classificou o ataque como desproporcional: “Não é porque é só uma relação entre irmãos. Seria desproporcional em qualquer relação”. O artista ainda comentou como foi a reação da a mãe: “Não tem como ela escolher um lado, mas ela tem a compreensão do que aconteceu. Ela confia em mim e no Leandro também”.
Ele também afirma que espera que consiga resolver com Emicida ” (…) resolver isso dentro de casa, com os poderes reestabelecidos em uma sociedade que é 50% e 50%. Conosco conduzindo esta situação com ética, de boa-fé juntos, com profissionais de advocacia que respeitem o que é um patrimônio construído com suor, sangue, história e legado negro.”
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