Por Mayara Paixão
(Folhapress) — Mais um foragido brasileiro condenado por participação em atos golpistas de 8 de janeiro foi preso na Argentina, levando a três o número de capturados. Wellington Luiz Firmino foi detido na segunda-feira (18) ao tentar fugir para o Chile, na região de Jujuy, noroeste do país.
Firmino estava em uma moto e tentou burlar o posto fronteiriço de Jama, no norte argentino, na fronteira com o Chile. Foi detido e, ao identificar que havia uma ordem de captura contra ele, a Gendarmería (espécie de exército interno argentino) o levou para um de seus postos, segundo relataram reservadamente à reportagem autoridades com conhecimento no tema.
A 3ª Vara Federal da Justiça argentina emitiu mandados de prisão contra todos os 61 foragidos ligados aos crimes do 8 de Janeiro de 2023 que o Brasil pediu extradição. Na semana passada, dois deles já haviam sido detidos. A instância ainda não foi comunicada sobre a detenção de Firmino.
Foragido pretendia chegar aos EUA
Pessoas que conhecem Firmino afirmam que ele tentava cruzar para o Chile e depois ir para os Estados Unidos, provavelmente fazendo todo o caminho por terra. No Brasil, ele foi condenado a pena de 17 anos de prisão.
Ele publicou vídeos em suas redes sociais após ser detido. “Minha ideia era fugir, mas com o nome na Interpol, fui preso na primeira passagem pela polícia”, diz. “Que possa ser feita Justiça, que eu possa ter a minha liberdade e viver a minha vida. Ter uma opinião não deveria levar ninguém preso, mas hoje o Brasil está pior que a Venezuela.”
Ele também critica o STF (Supremo Tribunal Federal) e afirma, sem provas, que o pedido de prisão contra os 61 bolsonaristas teria sido emitido porque o presidente argentino, Javier Milei, está fora do país. Milei está no Rio de Janeiro para a cúpula de chefes do G20.
Ao final de um dos vídeos, em tom irônico, bebe mate e diz estar no posto policial enquanto o juiz do caso provavelmente estaria dormindo. É feriado na Argentina nesta segunda-feira. “Amo vocês, Brasil, não esqueçam de mim”, diz Firmino.
Ele se filmou em cima da torre do Congresso Nacional no dia dos atos golpistas em janeiro de 2023. Foi condenado pelos crimes de abolição ao estado democrático, golpe de Estado, dano qualificado, associação criminosa e deterioração de patrimônio tombado. Neste 2024, pediu refúgio na Argentina.
Até meados de outubro 185 brasileiros haviam pediram refúgio na Argentina. Para efeitos de comparação, em 2023 foram apenas três. A maioria (109) é de homens, e a maior fatia de pedidos ocorreu no mês de maio (47).
Como a reportagem revelou, a decisão dos mandatos de prisão coube ao juiz Daniel Rafecas. Os foragidos terão audiências com o magistrado, que decidirá sobre a extradição, e poderão apelar à Corte Suprema de Justiça. Ainda não há datas marcadas para essa audiência, e o pedido de soltura de um dos detidos já foi negado.
Na última ocasião em que foi questionado sobre o tema, o governo de Javier Milei afirmou, por meio de seu porta-voz, Manuel Adorni, que a Casa Rosada apenas seguiria as ordens judiciais no que diz respeito às decisões sobre extradição. Milei é um aliado de Jair Bolsonaro (PL).
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