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Forças progressistas ganham fôlego com posse de Sánchez na Espanha

Com 179 votos favoráveis, Sánchez se credenciou para, nesta sexta-feira (17), assumir o cargo de presidente diante do rei Felipe VI.
17/11/2023 | 14h25

Por Nicolás Satriano (Valencia, Espanha)

A posse do socialista Pedro Sánchez dá fôlego e renova esperanças de forças progressistas na União Europeia. O Partido Socialista Obreiro Espanhol (PSOE), sigla do reeleito presidente de Governo, saiu de uma derrota acachapante nas eleições municipais, em maio deste ano, para uma maioria absoluta no Congresso, na quinta-feira (16). Com 179 votos favoráveis, Sánchez se credenciou para, nesta sexta-feira (17), jurar o cargo de presidente diante do rei Felipe VI.

Desde maio, o centro-direitista Partido Popular (PP) já contava os meses para pisar no Palácio da Moncloa (sede da Presidência). A princípio, as eleições gerais seriam entre novembro e dezembro, mas com o resultado de maio Sánchez apostou alto, dissolveu as forças parlamentárias e antecipou o pleito para julho. Tudo respaldado pela Constituição espanhola.

Muitos, inclusive aliados, ficaram incrédulos com o movimento de Sánchez. Os apoioadores temiam sofrer uma derrota humilhante. Analistas sinalizaram o risco da manobra, mas também lembravam que Sánchez já havia demonstrado em outras oportunidades que tem vidas extras no jogo político. Na imprensa, mesmo em veículos que tendem à direita, por vezes o chamam de imortal.

Soma-se ao atrevimento de Sánchez a fraca atuação do líder da oposição, Alberto Nuñez Feijóo, do PP. O político galego teve mais votos na eleição à Presidência, mas foi incapaz de reunir apoios no Congresso para ser empossado. E um dos motivos para isso foi a aliança do PP com o partido de extrema direita Vox, que funcionou como um repelente a outras forças políticas que poderiam dar a ele os preciosos votos. O Vox saiu baleado das eleições gerais, perdendo cadeiras e, portanto, relevância no Congresso.

Com a permanência de Sánchez na Moncloa, a população espanhola demonstrou que há uma resistência à extrema direita. Outros países como Itália e Suiça sucumbiram à onda reacionária. Ainda assim, as eleições municipais de maio ligaram o alerta da esquerda e os conservadores, mesmo perdendo a Moncloa, passaram a governar em muitos municípios espanhóis.

O freio imposto à extrema direita na Espanha evita que mais uma nação europeia defenda abertamente propostas bárbaras. Estavam sob risco avanços sociais internos e direitos de minorias. O PP ter o Vox como sócio no governo, integrando a administração central, significava um retrocesso incalculável. Seria institucionalizar a xenofobia e negar a pluralidade da sociedade espanhola.

É bem verdade que os próximos quatro anos não devem ser fáceis, principalmente porque a posse de Sánchez foi negociada com partidos separatistas. Mesmo assim, o diálogo e a política falaram mais alto na quinta-feira. E enquanto a extrema direita vocifera que houve um golpe, fato é que a Espanha escolheu se manter fiel a valores democráticos. Melhor assim.

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