À frente da presidência temporária do G20, o Brasil quer propor a criação de um fundo de US$ 79 bilhões (R$ 393,48 bilhões) por ano para o combate à fome. O cálculo é do Banco Mundial. A proposta se insere na Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza, que deve ter três linhas para financiamento. A criação do fundo é o primeiro passo nesse sentido.
A segunda linha é a troca de dívidas por investimento, chamada debt swap, e, por fim, melhores condições de acesso a créditos e financiamento.
Essas propostas serão discutidas pela Trilha de Finanças, responsável pelos debates econômicos no âmbito do G20, e pela Trilha de Sherpas, formada por emissários pessoais dos líderes dos países da coalizão, formada pelas 19 nações mais ricas do planeta e mais a União Europeia e a União Africana.
As reuniões do grupo de trabalho sobre o assunto envolveram 54 delegações, além de fóruns e organismos internacionais.
Em entrevista ao jornal O Globo no domingo passado, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que pretende apresentar uma proposta de taxação global para os mais ricos na reunião dos ministros das Finanças e chefes dos bancos centrais do G20 nesta semana, em São Paulo. O Brasil também busca aportes privados para esse fundo.
Ontem (26), o Ministério da Fazenda, em parceria com o Ministério do Meio Ambiente e entidades internacionais, apresentou o Programa de Mobilização de Capital Privado Externo e Proteção Cambial, o Eco Invest Brasil. Esta iniciativa, integrante do Plano de Transformação Ecológica do Brasil, tem como objetivo incentivar investimentos estrangeiros em projetos sustentáveis no país e oferecer soluções de proteção cambial, para que os riscos associados à volatilidade de câmbio sejam minorados e não atrapalhem esses investimentos tão cruciais para a transformação ecológica brasileira.
O Brasil vai investir R$ 27 bilhões em transição ecológica com apoio internacional.
Wellington Dias diz que Brasil quer abrir diálogo para o combate à fome
Ao O Globo, o ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Wellington Dias, que lidera as negociações no âmbito da Aliança Global, citou fundos contra mudanças climáticas como exemplo:
“O Brasil quer abrir esse diálogo. Na área ambiental já é assim: alguns países colocam dinheiro no fundo do clima, mas também tem empresas que colocam recursos. A gente vai ter que acertar como se dialoga com esses credores, empresários que têm investimentos em vários países, por exemplo”, disse.
A reforma da governança global, uma das bandeiras da presidência do Brasil à frente do G20 e que inclui mudanças no FMI (Fundo Monetário Internacional) e no Banco Mundial, também é apontada pelo ministro como saída para financiar países pobres com taxas de juros mais baixas e menos contrapartidas.
A proposta que vem sendo elaborada prevê que a Aliança Global terá uma cesta de experiências já praticadas, com resultados positivos para o combate à fome e à pobreza, que seriam abraçadas pelos países-membros do G20.
As nações seriam divididas entre três grupos: os mais desenvolvidos, que teriam de cumprir suas próprias metas e ajudar outros países; países que vão cumprir sua meta, mas precisam de suporte para auxiliar outros países; e os países menos desenvolvidos, que precisam de ajuda para bater suas metas.
Segundo o ministro disse ao O Globo, o grupo caminha para o entendimento de que programas de transferência de renda, como o Bolsa Família, seja uma das alternativas mais eficazes para o combate à fome e à pobreza.
Outras iniciativas, como merenda escolar e qualificação profissional, também estão sendo consideradas.
Redação ICL Economia
Com informações de O Globo
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