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Gaza: ‘Acordo para libertar reféns foi alcançado’, diz gabinete de Netanyahu

Israel deve aprovar acordo de trégua com o Hamas que põe fim à guerra em Gaza
17/01/2025 | 07h45

O gabinete do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, informou na sexta-feira (17) que o “acordo para libertar os reféns” foi alcançado e convocou uma reunião de seu gabinete de segurança durante o dia para aprová-lo. Embora Catar e Estados Unidos já tivessem anunciado na quarta-feira (15) um acordo de trégua em Gaza e de libertação dos reféns israelenses mantidos pelo Hamas, o gabinete do premiê israelense informou no mesmo dia que os “detalhes finas” ainda estavam sendo fechados.

Na quinta-feira (16), o gabinete do primeiro-ministro israelense criticou o Hamas por “descumprir partes do acordo em uma tentativa de obter concessões de última hora”, o que foi negado pelo Hamas.

“O primeiro-ministro convocou uma reunião do gabinete de segurança para amanhã (sexta-feira, 17). Depois, o governo se reunirá para aprovar o acordo”, informou o gabinete de Netanyahu. Além disso, assinalou que as famílias dos reféns foram notificadas e que os preparativos estavam em andamento para recebê-los em sua chegada.

Netanyahu deve ter maioria nessa reunião, apesar da oposição de ministros de extrema direita. Um deles, o ministro de Segurança Nacional, Itamar Ben Gvir, disse que vai renunciar se o governo adotar o acordo, que classificou de “irresponsável”, mas esclareceu que o seu partido, Poder Judaico, não deixaria a coalizão com Netanyahu. O ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, também se opôs publicamente ao acordo e o qualificou de “perigoso”.

Se aprovado pelo governo, o acordo de trégua terá início no domingo (19) e envolverá a troca de reféns israelenses por prisioneiros palestinos. Depois disso, os termos para o fim da guerra de mais de 15 meses que deixou milhares de mortos em Gaza devem ser  finalizados.

Milhares de palestinos comemoram o cessar-fogo na quarta-feira (15) (Foto Bashar Taleb/AFP)

EUA ‘confiam’ que trégua será iniciada no prazo

Os Estados Unidos afirmaram, na quinta-feira (16), que estão “confiantes” de que o cessar-fogo acordado entre Israel e Hamas terá início no domingo, apesar dos bombardeios israelenses nas últimas horas que deixaram dezenas de mortos e feridos na Faixa de Gaza. O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, declarou que “confia” que o acordo terá início no prazo previsto.

Após mais de um ano de impasse, as negociações indiretas entre Israel e Hamas aceleraram nos últimos dias antes que o presidente americano Joe Biden seja sucedido pelo republicano Donald Trump na segunda-feira.

O Egito, um dos mediadores do conflito ao lado de Estados Unidos e Catar, pediu que o acordo seja colocado em prática “o quanto antes”. Em Gaza, a Defesa Civil disse que Israel bombardeou várias áreas o território palestino desde o anúncio do acordo, matando pelo menos 73 pessoas e ferindo centenas.

Segundo o Exército israelense, “cerca de 50 alvos terroristas” foram atacados em “toda” a Faixa de Gaza nas últimas 24 horas.

Vários países e organizações acolheram o pacto, que foi comemorado na Faixa de Gaza devastada pela guerra que eclodiu em 7 de outubro de 2023, após um sangrento ataque do Hamas a Israel que deixou 1.210 mortos, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP com base em dados oficiais israelenses.

Os comandos islamistas também levaram 251 reféns para Gaza, algumas deles já mortos. O Exército israelense afirma que 94 seguem em cativeiro, das quais 34 estariam sem vida.  Em resposta ao ataque, Israel lançou uma campanha de retaliação que já deixou ao menos 46.788 mortos na Faixa de Gaza, a maioria civis, de acordo com dados do Ministério da Saúde administrado pelo Hamas, os quais a ONU considera confiáveis.

Sentimentos mistos em Gaza

Houve celebração em Israel e Gaza, mas também angústia. O morador da Cidade de Gaza, Fadl Naeem, disse à AFP que se sentia “muito feliz, mas, ao mesmo tempo, [sentia] uma profunda tristeza”. “Perdemos netos, pais, irmãos, primos, vizinhos e nossas casas”, disse.

Em Tel Aviv, o aposentado Simon Patya disse que sentiu “grande alegria” porque alguns reféns vão retornar vivos, mas também “grande tristeza por aqueles que vão voltar dentro de sacos”. Os principais pontos do acordo foram revelados pelo primeiro-ministro do Catar, Mohammed bin Abdulrahman al Thani, e por Joe Biden.

O acordo prevê uma primeira fase de seis semanas, começando no domingo, na qual um cessar-fogo será implementado, 33 reféns serão libertos e as tropas israelenses vão se retirar das áreas densamente povoadas.

Jesus

A guerra em Gaza durou 15 meses, deixou mais de 45 mil mortos e um país em ruínas (Foto: AFP)

Futuro político incerto

A segunda fase, ainda em negociação, envolve a libertação dos demais reféns e a retirada das tropas israelenses, disse Biden. A terceira e última etapa se concentrará na reconstrução do devastado território palestino e na devolução dos corpos dos reféns mortos.

O primeiro-ministro do Catar explicou que um mecanismo de monitoramento administrado por Egito, Catar e Estados Unidos será criado no Cairo para garantir o cumprimento do pacto.

O acordo não resolve o suspense em torno do futuro político deste território de 2,4 milhões de habitantes, governado desde 2007 por um Hamas hoje muito enfraquecido. Israel se opõe a qualquer administração futura do Hamas ou da Autoridade Palestina, que governa a Cisjordânia com poderes limitados, enquanto os palestinos rejeitam qualquer interferência estrangeira.

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