O Procurador-Geral da República, Paulo Gonet, se manifestou de forma contrária ao projeto do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que concede à iniciativa privada a administração de 33 escolas públicas estaduais. A PGR deu parecer favorável à liminar do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) que suspendeu o decreto conhecido como PPP — Parceria Público-Privada — Novas Escolas.
A manifestação de Gonet ocorreu devido a um pedido do Supremo Tribunal Federal (STF), que havia questionado a decisão do TJSP de suspender o decreto.
O governo Tarcísio de Freitas havia entrado com recurso pedindo para cancelar a liminar do TJSP, sob o pretexto de que a interrupção da concessão “desestruturou o planejamento para ampliação das unidades escolares” e que esse atraso no cronograma “poderá resultar interrupções no calendário escolar”.
O argumento, no entanto, é questionado, tendo em vista que o estado não teria demonstrado concretamente esses prejuízos.
Em sua manifestação, Gonet disse:
“Não há notícias de que esteja havendo prejuízo à prestação do ensino na rede pública estatal no ano letivo corrente como decorrência unicamente dos efeitos da liminar impugnada. Tampouco foi comprovado o alegado prejuízo no tocante à possibilidade de revisão de atos administrativos relacionados à doação dos imóveis pelo Poder Público aos parceiros privados, bem como ao pagamento de indenizações”.
Projeto de privatização da gestão das escolas
De acordo com o decreto PPP Novas Escolas do governo, a iniciativa privada assumiria a “construção, manutenção, conservação, gestão e operação de serviços não pedagógicos” das escolas estaduais de São Paulo. Contudo, o projeto foi levado à Justiça após uma Ação Direta de Inconstitucionalidade, movida pelo diretório estadual do PSOL.

Leilão das escolas estaduais de SP (Foto: Pablo Jacob/Governo do Estado de SP)
A ação do PSOL argumenta que o PPP Novas Escolas configura uma usurpação de competências do estado sobre a educação, ao transferir a gestão de unidades escolares da rede pública de ensino para a iniciativa privada.
No entanto, o governo alega que a privatização da gestão escolar das redes de ensino estaduais permitirá a construção de novas unidades.
O PPP Novas Escolas foi leiloado em dois lotes pelo governo paulista e teve como vencedor do leilão o Consórcio Novas Escolas Oeste SP, que levou as 17 escolas do Lote Oeste. O grupo receberia o valor total de R$ 3,38 bilhões ao longo dos 25 anos de contrato.
Relacionados
Ranking da vergonha: o Brasil entre os piores salários de professores do mundo
Mesmo em um cenário global de desvalorização docente, Brasil se destaca negativamente com um dos piores salários do mundo
Homem some após ir em busca de trabalho no litoral de SP e namorada é cobrada por dívidas
Emerson Rodrigo Domingos, de 40 anos, foi ao litoral paulista na intenção de buscar um emprego e desapareceu
Denunciado na trama golpista é ouvido no Senado como especialista sobre urnas
Presidente do Instituto Voto Legal, Carlos Rocha foi denunciado pela PGR (Procuradoria Geral da República) no caso da trama golpista