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Governo chinês responde às críticas da diplomacia dos EUA, de que projetos da China na AL são ‘enganosos’

Críticas foram feitas na semana passada por Brian A. Nichols, secretário de Estado-Adjunto para Assuntos do Hemisfério Ocidental
02/06/2023 | 18h53

Em mais uma troca de farpas na disputa por hegemonia na geopolítica mundial, o governo chinês respondeu às críticas dos Estados Unidos de que os projetos da China no Brasil e na América Latina são “enganosos”. As críticas foram feitas na semana passada por Brian A. Nichols, secretário de Estado-Adjunto para Assuntos do Hemisfério Ocidental, em entrevista exclusiva ao jornal O Estado de S.Paulo.

Respondendo às críticas, Pequim afirmou que as considerações do secretário-adjunto são “infundadas e ridículas”. Segundo os chineses, o norte-americano quis difamar a parceria e minar as relações sino-brasileiras. A China é, atualmente, o maior parceiro comercial do Brasil, com impactos consideráveis na balança comercial do país.

Na entrevista ao Estadão, concedida na semana passada, Nichols classificou os projetos chineses como de baixa qualidade e que, a longo prazo, não influenciam positivamente o crescimento econômico dos países parceiros, que deveriam ser beneficiados. Em tom mais acusatório, também disse que os projetos envolvem casos de corrupção.

O porta-voz da embaixada chinesa em Brasília, ministro-conselheiro Li Qi, enviou nota à reportagem do Estadão, na qual disse que “as declarações dos altos funcionários dos EUA são infundadas e ridículas, tendo como objetivo difamar a cooperação econômica externa da China e minar as relações amistosas e cooperativas entre a China e o Brasil e outros países da América Latina. Manifestamos forte insatisfação e veemente repúdio a essas declarações”.

Sobre a acusação de que os projetos estão envolvidos em corrupção, o governo chinês afirmou que adota “atitude de tolerância zero em relação à corrupção, exigindo que as empresas chinesas cumpram rigorosamente as leis e regulamentos locais durante os processos de licitação, construção, operação e gerenciamento de projetos”.

Diplomata que criticou projetos da China na América Latina foi enviado por Joe Biden após visita de Lula à China

A aproximação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com a China está no radar do governo norte-americano. As declarações de Nichols, que visitou Brasília a mando do presidente Joe Biden, fazem parte da ofensiva dos Estados Unidos contra o plano dos chineses de ampliar sua presença na América Latina, África e Ásia. Nichols é a principal autoridade no Departamento de Estado dos EUA para tratar de temas relacionados às Américas.

Ele foi o segundo diplomata de alto escalão enviado por Biden em missão ao Brasil, desde que o presidente Lula retornou de uma ampla visita de Estado à China, em abril, na qual relançou as relações com Pequim e assinou 20 acordos bilaterais.

Na visita ao Brasil, Nichols disse que a iniciativa privada americana poderia financiar empreendimentos e projetos na área de energia limpa.

Na entrevista ao jornal, Nichols disse que os Estados Unidos têm o dever de responder à ofensiva chinesa em países emergentes, o chamado Sul Global, onde buscam influência econômica e geopolítica. Segundo ele, setores econômicos, empresas e o Estado, por meio de agências governamentais voltadas para financiamento e desenvolvimento, precisam oferecer alternativas concretas aos governantes, para que deixem de buscar parcerias com o Partido Comunista Chinês.

No Sul Global, a China tem investido em uma série de projetos de infraestrutura, como pontes, portos, hidrovias, rodovidas e ferrovias, para escoamento de produtos. O projeto é chamado de Belt and Road, conhecido como Iniciativa Cinturão e Rota ou ainda Nova Rota da Seda. A iniciativa completa dez anos em 2023.

Mais de 20 países na América Latina já participam do Belt and Road. Sobre o projeto, a chancelaria de Pequim disse que “a Iniciativa Cinturão e Rota é uma iniciativa de cooperação internacional aberta e inclusiva, sem quaisquer intenções militares ou geoestratégicas. A cooperação entre a China e os países parceiros baseia-se nos princípios da participação voluntária, igualdade, benefício mútuo, abertura e transparência. Nenhum dos países parceiros concorda com a alegação de que a Iniciativa Cinturão e Rota causa a chamada ‘armadilha da dívida’”.

Redação ICL Notícias
Com informações de O Estado de S.Paulo

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