Por Brasil de Fato
O governo de São Paulo realiza, nesta segunda-feira (4), o leilão do Lote Leste de privatização da construção e da manutenção de 16 escolas públicas estaduais. O primeiro lote, que incluiu 17 unidades da região oeste, ocorreu em 29 de outubro. O Sindicato dos Professores do Ensino Oficial de São Paulo (Apeoesp) convocou protesto para 13h em frente à sede da B3, bolsa de valores, onde será feito o leilão.
Os professores argumentam que o edital desconsidera o princípio da gestão democrática da educação, desrespeitando a integração entre a administração do espaço físico e as funções pedagógicas. Segundo a Apeoesp, trata-se da terceirização de uma atividade essencial ao serviço público de educação.
O caso foi levado à Justiça pela entidade sindical, que conseguiu uma liminar para suspender o leilão do dia 30 de outubro. A decisão também impedia a negociação do Lote Leste, previsto para hoje. Ao acolher o pedido, o juiz Luís Manuel Fonseca Pires, da 3ª Vara da Fazenda Pública, afirmou que a licitação pressupõe, equivocadamente, que é possível separar o espaço físico da atividade pedagógica.
A decisão, no entanto, foi derrubada pelo presidente do Tribunal da Justiça, Fernando Antônio Torres Garcia, que acolheu recurso do governo estadual e afirmou que a suspensão dos leilões afetava o cronograma de implementação de obras e serviços essenciais.

Apeosp e estudantes fazem manifestação em frente à Manifestantes temem um sucateamento das unidades de ensino em todo o Estado (Foto: Apeoesp)
17 escolas deverão passar à gestora de cemitérios
O primeiro lote, que incluiu 17 escolas, foi arrematado pelo consórcio Novas Escolas Oeste SP pelo valor de R$ 11,98 milhões ao mês, o menor dos cinco lances apresentados. A empresa que lidera o grupo, a Engeform Concessões e Investimentos, é a mesma que passou a fazer a gestão de cinco cemitérios na capital paulistana após a privatização do sistema funerário em março do ano passado. De lá para cá, o valor do serviço popular ficou 500% mais caro.
O prazo de concessão das escolas é de 25 anos. O custo mensal para o estado será de R$ 11,9 milhões. A empresa ofereceu um desconto de 21,43% em relação ao valor de referência do leilão, que era de R$ 15,8 milhões mensais. Os pagamentos serão iniciados quando as escolas estiverem prontas. A empresa será responsável por merenda, internet, segurança, infraestrutura e limpeza das escolas.
As empresas vencedoras ficarão responsáveis, durante 23 anos, pela manutenção da infraestrutura, gestão de limpeza, alimentação, vigilância e jardinagem e pela contratação de funcionários para essas áreas. Sob a responsabilidade das empresas também estarão as atividades diárias escolares envolvendo o apoio aos alunos que não conseguem acessar com autonomia as instalações escolares.
A parte pedagógica, que envolve a definição do material didático, bem como o planejamento escolar, continua sob o guarda-chuva da Secretaria de Educação (Seduc), bem como a contratação de professores, que se dá por meio de concurso público.
SAIBA MAIS:
Justiça susta efeito de leilão que deu gestão de escolas de SP a empresa que gerencia cemitérios
Relacionados
Estado de SP publica lista de escolas que podem aderir ao modelo cívico-militar
Modelo de educação cívico-militar é alvo de críticas por parte de educadores
Violência escolar mais do que triplica em 10 anos no Brasil, aponta Fapesp
Em 2023, 13,1 mil pacientes foram atendidos em serviços de saúde, após se automutilarem, tentarem suicídio ou sofrerem ataques psicológicos e físicos no contexto educacional
Tarcísio de Freitas e a pinochetização como projeto – II
No que se refere ao aumento dos custos do serviço, Tarcísio de Freitas ostenta um recorde de difícil superação