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Governo exonera delegado da PF investigado no caso da ‘Abin paralela’

Decisão se deu após STF afastar delegado na quinta; despacho de dispensa saiu no Diário Oficial
27/01/2024 | 06h17

Cristiane Sampaio — Brasil de Fato

Após o estouro do escândalo que envolve o uso político da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) pelo governo Bolsonaro, a gestão Lula exonerou o delegado Carlos Afonso Gonçalves Gomes Coelho do cargo de coordenador de Aviação Operacional da Polícia Federal (PF). A função responde pelo apoio às ações aéreas do órgão.

A dispensa de Coelho vem após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) desta quinta (25) que afastou o delegado de suas funções. O despacho de exoneração foi oficializado pelo Ministério da Justiça no Diário Oficial da União (DOU) nesta sexta (26).

Coelho está entre os nomes suspeitos de participação no esquema da “Abin paralela”, uma espécie de núcleo de agentes que teriam colaborado com ações ilegais de monitoramento de inimigos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) durante sua gestão. Apurações da Polícia Federal apontam também para o envolvimento do deputado federal Alexandre Ramagem (PL–RJ) no caso. Na época, ele atuava no comando da Abin. Em manifestações dadas à imprensa, o parlamentar negou relação com o crime.

As investigações da PF mostram que os envolvidos no caso utilizaram um software israelense chamado “First Mile”, que utiliza uma tecnologia capaz de exercer vigilância sobre 10 mil celulares a cada ano. O grupo teria monitorado diferentes autoridades públicas, incluindo o então presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM–RJ), os ministros do STF Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes, a promotora de Justiça Simone Sibilio, que atuou no caso Marielle Franco, entre outras pessoas.

Carlos Afonso Coelho ocupava o cargo de coordenador de Aviação Operacional desde outubro de 2023 e, portanto, já na atual gestão de Andrei Passos como diretor-geral da Polícia Federal. Ele também esteve entre os alvos dos mandados de busca e apreensão cumpridos pela PF na quinta (25) no âmbito da Operação Vigilância Aproximada, que atingiu ainda Alexandre Ramagem e cumpriu 21 mandados e medidas cautelares autorizados por Alexandre de Moraes.

 

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