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Governo Tarcísio remove livro de Djamila Ribeiro de biblioteca virtual escolar de SP

Após questionamentos, prefeitura informou que obra retornou à plataforma
17/05/2024 | 19h22

A Secretaria de Educação de São Paulo removeu o livro “Cartas para minha avó”, da filósofa Djamila Ribeiro, de uma plataforma de leitura usada pelos professores de português do estado.

O livro, lançado em 2021, traz, na forma de cartas, um “relato memorialístico pungente e sensível sobre ancestralidade, feminismo e antirracismo na criação de filhos”, na descrição da editora.

Governo Djamila Ribeiro

Foto: Divulgação

Após questionamentos e a repercussão negativa de decisão, a Secretaria de Educação informou que a obra retornou à plataforma às 12h da última quinta-feira (16). A informação é da Folha de S. Paulo.

“Após análise, realizada a pedido da rede, sobre ‘Cartas para minha avó’, da autora Djamila Ribeiro, a secretaria concluiu que a obra continuará disponível para os alunos do Ensino Médio e EJA (anos finais e ensino médio) a partir desta quinta”, disse.

Djamila Ribeiro dedica livro à Iemanjá e Oxum

O livro de Djamila é dedicado a duas orixás, Iemanjá e Oxum, e a inicia com um retrato da avó Antônia, uma “conhecedora de ervas curativas e benzedeira muito requisitada” que lhe deixou lembranças “com gosto de manga verde e doce de abóbora”. Antônia posa com vestes brancas típicas de religiões afro-brasileiras.

A obra estava disponível na plataforma Leia SP, biblioteca virtual à disposição de estudantes e docentes, até pelo menos sexta-feira (10). Segundo profissionais da educação paulista, eles pararam de ter acesso ao livro.

Segundo Djamila, em entrevista à Folha de S. Paulo, nem ela, nem a editora foram informadas sobre a retirada da obra. “Sem discussão, sem debate, é uma atitude absolutamente antidemocrática e que vai contra o que as educadoras, os educadores comprometidos com uma educação antirracista têm propondo no Brasil nos últimos anos”, disse.

“Acho que, vindo do governo [Tarcísio de Freitas], essa foi uma decisão totalmente arbitrária no sentido de que o livro está sendo adotado por várias escolas e passou também por comissões que o avaliaram”, completou.

O que diz a Secretaria de Educação?

A Secretaria de Educação disse, por meio de nota, que “realiza frequentemente a atualização dos títulos disponíveis na plataforma Leia SP para adequar a complexidade dos conteúdos oferecidos aos ciclos de ensino dos alunos da rede”.

O trabalho, segundo o órgão, “envolve professores e especialistas em currículo na discussão de temas relevantes, como a prática antirracista”.

O Leia SP é definido como uma biblioteca digital entregue aos estudantes e professores paulistas no início deste ano letivo, “composta por obras literárias indicadas por especialistas da rede e Ministério da Educação”.

A escolha dos livros que serão lidos em sala de aula fica a cargo de professores do 6º ano do Ensino Fundamental à 3ª série do Ensino Médio.

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