O governo federal vai realizar novo leilão de arroz, em 13 de junho, para comprar 36 mil toneladas do cereal importado. A informação foi dada pelo presidente da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), Edegar Pretto, ontem (6), em coletiva de imprensa.
Essa quantidade corresponde aos lotes que não foram arrematados no leilão realizado ontem. No total, o certame previa a compra de 300 mil toneladas do grão, das quais foram adquiridas 263,370 mil, ou seja, cerca de 88%.
Os pacotes de arroz virão com rótulo do governo e terão preço tabelado: será vendido em pacotes de 5 quilos por R$ 20 reais, ou seja, por R$ 4 o quilo, como o governo havia anunciado. O produto deve chegar ao consumidor em até 45 dias.
“O único objetivo do leilão é garantir um acesso fácil e mais barato para a população a um alimento que é a base da alimentação do dia a dia das famílias do país”, explicou o presidente da Conab.
A medida é em caráter emergencial, e foi adotada devido às enchentes que assolaram o Rio Grande do Sul, estado responsável por cerca de 70% da produção do cereal no país. O objetivo do governo era evitar uma possível especulação de preços em decorrência da possível escassez do produto, essencial na dieta do brasileiro.
No dia 9 de maio, o governo federal publicou a MP (medida provisória) que autoriza a importação de até 1 milhão de toneladas de arroz pela Conab.
Ontem, o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) divulgou que o custo médio da cesta básica aumentou em 11 das 17 capitais brasileiras e um dos vilões do aumento de custo foi justamente o arroz.
Entre abril e maio, o preço médio do arroz aumentou em 15 capitais, com variações de 1,05% em Recife até 16,73% em Vitória.
Leilão de arroz: produto será disponibilizado em um prazo de 45 a 60 dias
As 263,3 mil toneladas de arroz que serão importadas pelo governo federal para garantir o abastecimento no país deverão ser disponibilizadas aos consumidores em um prazo de 45 a 60 dias. A distribuição será feita pela Conab para pequenos varejos, de forma direta, e para grandes atacarejos e redes de supermercados em forma de leilões.
A importação de arroz deverá estabilizar os preços no mercado interno, que tiveram uma alta média de 14%, chegando em alguns lugares a 100% após as inundações no Rio Grande do Sul. A produção local foi atingida tanto na lavoura como em armazéns, além de ter a distribuição afetada por questões logísticas no estado.
“Também houve desinformação, aconselhando consumidores a correr aos supermercados e fazer estoques sem nenhuma necessidade. Isso interferiu no mercado e tivemos uma subida grande nos preços”, explicou Pretto.
O presidente da Conab disse que a decisão de importar arroz neste momento não foi uma “afronta” aos produtores brasileiros. “O governo não está fazendo essa importação por um bel-prazer, é por uma necessidade de proteger, neste momento, o elo mais fraco dessa relação, que são os consumidores.”
Segundo ele, a AGU (Advocacia-Geral da União) derrubou oito liminares que pediam a suspensão do leilão. O setor agro reclama de interferência do governo no mercado.
A propósito, o leilão só aconteceu ontem porque, minutos antes da hora marcada para acontecer a venda pública, a Justiça Federal do Rio Grande do Sul suspendeu uma liminar que atendia a um pedido do Partido Novo que impedia o leilão do governo federal (entenda o caso clicando aqui).
“Me perguntaram se não era precipitado [importar arroz]. Precipitado é ter lugares onde o arroz aumentou 19%, como foi em Santa Catarina, em um mês – o segundo estado de maior produção no nosso país”, disse o presidente da Conab.
Logo após o leilão, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, disse, em entrevista ao site g1, que, “nos últimos 40 dias, a especulação injustificável tomou conta do mercado brasileiro e o governo cumpriu o seu papel de coibir essa prática horrorosa, principalmente, no momento de tragédia como esse no Rio Grande do Sul”.
Ele comentou que, há cerca de 40 dias, o pacote de 5 quilos de arroz estava sendo comercializado entre R$ 25 e R$ 26,50, no mercado brasileiro. “Bastou a enchente, o arroz foi a R$ 35, R$ 38, R$ 40. Sem justificativa porque temos estoques no Brasil de arroz suficiente para a população brasileira, mostrando que era pura especulação”, disse.
Segundo o governo, um leilão de importação, como o realizado ontem, não era realizado desde 1987. Ainda não é possível saber de quais países virá o arroz.
Empresas vencedoras
Durante a coletiva, o diretor-executivo de Operações da Conab, Thiago dos Santos, explicou que quem participa do leilão são empresas brasileiras, responsáveis pela importação do produto que, posteriormente, será vendido para o governo.
As empresas que venceram o leilão foram a Zafira Trading, que atua no ramo de exportação e importação, em Santa Catarina (SC); a Icefruit Indústria e Comércio de Alimentos Ltda, de São Paulo (SP), que tem como atividade principal a produção de polpas de frutas e, como secundária, o comércio atacadista e varejista de alimentos.
Além dessas, venceram ainda a Wisley A de Souza Ltda, um comércio atacadista de queijos e leite com sede em Macapá (AP), que tem como atividade secundária o varejo de produtos alimentícios; e a ASR Locação de Veículos e Máquinas, do Distrito Federal (DF), que tem como atividade secundária o comércio de cereais.
Além das 300 mil toneladas, a Conab está autorizada a comprar mais 700 mil toneladas de arroz, mas, segundo Pretto, não existe expectativa de novos leilões, por enquanto.
“Se não houver necessidade, nós não faremos mais compra. Mas, enquanto houver necessidade de baratear os preços para os consumidores, nós vamos realizar os leilões”, disse.
Redação ICL Economia
Com informações da Agência Brasil e do g1
Deixe um comentário