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Greve da educação federal: sindicatos dizem que não há prazo para fim do movimento

63 instituições em todo o país já aderiram à paralisação nacional no ensino
03/06/2024 | 20h32

Por Gabriel Gomes*

O Andes, o Sinasefe e a Fasubra, entidades que representam os professores e trabalhadores da rede federal de ensino, concederam entrevista coletiva nesta segunda-feira (3) para atualizar a situação da greve dos profissionais.

Segundo os sindicatos, não há prazo para o encerramento do movimento grevista. Haverá uma reunião com representantes do governo federal ainda nesta segunda, às 14h para a reabertura das negociações.

“Não há um prazo limite para a continuidade das negociações e nem mesmo para o estabelecimento do que são as pautas conduzidas pelo movimento docente. Nós reclamamos uma celeridade por parte do governo federal em dar respostas, porque a condução da greve traz impactos que são vivenciados por todos que estão nas universidades, institutos federais e Cefets”, disse Gustavo Seferian, do Andes.

O movimento marcou uma série de manifestações para esta segunda-feira após o governo assinar acordo salarial apenas com a Proifes, uma das entidades que representam os professores federais em greve por reajuste. O acordo, no entanto, foi sustado pela Justiça.

“O revés que o governo federal teve com uma derrota no Poder Judiciário, que cassou os efeitos do acordo golpista estabelecido no dia 27 passado com a Proifes, pode e deve ser sinal para uma orientação de rotas por parte do Executivo… Esperamos que o dia de hoje seja uma nova abertura para esse processo de diálogo e negociação e não mais uma mesa de enrolação”, completou o representante do Andes.

O Andes pede aumento salarial de 7,06% ainda em 2024, de 9% em janeiro de 2025 e de 5,16% em 2026. Além disso, a entidade pede um plano para a recomposição do orçamento das universidades federais, em queda nos últimos anos.

O movimento conta com a adesão de 63 instituições de ensino federal, após a adesão de 2 novas instituições, segundo os representantes do Andes, do Sinasefe e da Fasubra Sindical.

Greve: reajuste em 2024

Uma das principais reivindicações do movimento liderado pelo Andes, o Sinasefe e a Fasubra é um reajuste salarial ainda em 2024. Essa é uma das maiores diferenças entre as reivindicações dessas entidades e a Proifes, que assinou um acordo com o governo. “A diferença da proposta do Sinasefe para o do Proifes é que nós queremos reajuste em 2024. Nós não abrimos mão”, definiu David Lobão, representante do Sinasefe.

“Nós não aceitamos o congelamento de salários em 2024, chega de congelamento, dois anos de Temer e quatro de Bolsonaro tiveram uma repercussão muito ruim para a gente e ver o governo Lula querer congelar um ano do nosso salário é uma repercussão muito ruim”, completou.

Também foram citados pelos representantes das entidades os recentes aumentos dados a outras categorias do serviço público federal, como a aprovação e sanção da Lei n.º 14.875 que trata do reajuste salarial das carreiras da Polícia Federal (PF), Polícia Rodoviária Federal (PRF) e Polícia Penal Federal. “Para aquelas pessoas que botaram policial para proibir o povo de ir votar na eleição, tem dinheiro na LOA (Lei orçamentária Anual) e para a gente, não. Isso é um absurdo”, disparou David Lobão.

Andes viu com ‘decepção’ acordo do governo com Proifes

O movimento conta com a adesão de 63 instituições de ensino federal, após a adesão de 2 novas instituições, segundo os representantes do Andes, do Sinasefe e da Fasubra Sindical. Foto: Divulgação

Os representantes dos sindicatos também comentaram sobre a postura do governo federal nas negociações e sobre como receberam a notícia do acordo firmado com o Proifes.

“É uma angústia muito grande e uma decepção que a nossa base tem, principalmente por um governo que disse que entre as suas prioridades estão a educação e a saúde. O que a gente observa é exatamente o contrário. Com relação à educação, um desprezo, uma falta de vontade de negociar. Foi como um tiro no coração porque nós podíamos esperar atitudes dessas por parte do governo passado”, afirmou Liliane Machado, do Andes.

Para os sindicatos, a decisão do governo de abrir novos institutos federais de ensino, anunciada pelo presidente Lula em março deste ano, deveria ocorrer somente após a recomposição do orçamento das instituições federais já existentes.

“Não adianta abrir mais institutos federais sem que o orçamento dessas instituições seja reposto, sem que o governo invista para que ele sustente o que ajudou a criar. Essas universidades são frutos de governo do PT, entretanto, houve equívocos. E agora parece que o equívoco maior é não dar sustentação a continuidade dessas universidades”, completou Liliane Machado.

Governo proibiu presença de assessoria de imprensa em negociações, dizem sindicatos

Os representantes do Andes e do Sinasefe anunciaram, ainda, que receberam uma mensagem do governo federal que indicava a proibição da presença dos assessores de imprensa dos sindicatos na reunião de hoje (03) com o Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos.

 

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*Estagiário sob supervisão de Chico Alves 

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