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Juliana Dal Piva

Formada pela UFSC com mestrado no CPDOC da FGV-Rio. Foi repórter especial do jornal O Globo e colunista do portal UOL. É apresentadora do podcast "A vida secreta do Jair" e autora do livro "O negócio do Jair: a história proibida do clã Bolsonaro", da editora Zahar, finalista do prêmio Jabuti de 2023.

Grupo Tortura Nunca Mais homenageia trabalho de argentinos contra a ditadura

O coletivo Historias Desobedientes é composto por filhos e familiares de genocidas críticos da última ditadura cívico-militar da Argentina 
30/03/2024 | 10h04

Na próxima segunda-feira (1), o Grupo Tortura Nunca Mais, do Rio de Janeiro, vai homenagear com a 36ª Medalha Chico Mendes de Resistência o coletivo Histórias Desobedientes, da Argentina. O grupo é composto por filhos e familiares de genocidas, mas que são críticos da ditadura cívico-militar que governou a Argentina entre 1976 e 1983.

O coletivo será representado por Bibiana Reibaldi. Ela é filha de Julio Juan Felipe Reibaldi, oficial de informações do exército argentino, integrante de batalhão 601, central da 8ª inteligência Viamonte y Callao. Foi treinado, em 1963, pela Escola das Américas. Entre 1965 e 1968, recebeu militares franceses que vieram “treinar” membros das forças armadas argentinas. Ele chegou a se aposentar em 1970 e reingressou como agente civil na mesma central, de 1971 a 1987.

Histórias Desobedientes foi formado em 2017, sendo o primeiro coletivo do tipo, e depois se expandiu para Chile, Uruguai, Paraguai, El Salvador, Espanha e, recentemente, há contatos com netos de militares genocidas da Alemanha. Cerca de 30 mil argentinos foram vítimas de desaparecimento e assassinato entre 1976 e 1983.

Além do coletivo argentino, os homenageados deste ano serão Boycott, Divestment, Sanctions & Stop the Wall; Gonzaguinha (in memoriam); Leonel Moura Brizola (in memoriam); Maria Criseide da Silva e Wellington Marcelino Romana; Norberto Nehring (in memoriam); Pastor Mozart Noronha; Quilombolas do Sapê do Norte (ES); e Ranúsia Alves Rodrigues (in memoriam).

O Grupo Tortura Nunca Mais é um movimento que, desde a sua criação, em 1985, luta contra toda e qualquer forma de violência do Estado, no passado e no presente.

Há quase 40 anos, em parceria com outros movimentos e entidades vinculados à luta em defesa dos direitos humanos, o grupo homenageia, anualmente, pessoas ou movimentos sociais, contemplando-os com a Medalha Chico Mendes de Resistência. Este evento ocorre sempre no dia 1º de abril, data que marca o golpe civil, empresarial e militar brasileiro de 1964. A cerimônia será no auditório da Faculdade Nacional de Direito, a partir das 17 horas.

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