Por Claudinei Queiroz
(Folhapress) — O nível do lago Guaíba no Cais Mauá, em Porto Alegre–RS, ficou abaixo dos 4 metros pela primeira vez nesta terça-feira (21). No entanto, a previsão é que as águas só voltarão a ficar abaixo dos 3 metros, que é a cota de inundação do local, em no mínimo 12 dias.
A informação foi divulgada nesta quarta-feira (22) pelo coordenador do Sistema de Alerta Hidrológico do Serviço Geológico do Brasil, Artur Matos, em reunião da Sala de Crises da Região Sul, que foi montada após a tragédia provocada pelas enchentes no Rio Grande do Sul.
Essa demora na volta aos níveis normais ocorre devido à expectativa de novos repiques, ou seja, quando as chuvas na região voltam a elevar o nível do lago.
“Esse repique depende da intensidade dessa chuva entre quinta e sexta-feira, mas é normal acontecer. Só que com essa situação de chuvas a gente terá no mínimo mais 12 dias com o nível acima da cota de 3 metros, que é a cota de inundação”, explica Matos.
“Historicamente, desde a cheia de 1941 até a cheia que tivemos em novembro passado, que não foi muito grande, a gente vê que acontece esses repiques. Ocorre a inundação e depois vêm essas chuvas ao longo do período que vão atrasando ainda mais a volta à normalidade no Guaíba”, completa o hidrólogo.
As chuvas citadas por Matos devem chegar com média a forte intensidade até sexta-feira nas bacias de rios que deságuam no Guaíba.
Segundo o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), a previsão é que as tempestades fiquem entre 30 e 60 mm por hora ou 50 a 100 mm por dia, dependendo da região. Outro problema citado será o vento intenso, que também influencia na baixa do nível da lagoa dos Patos e também do Guaíba.
Repique no Guaíba
“Houve uma pequena mudança em relação à previsão dos últimos dois dias. É que esse sistema deve trazer melhoria nas condições do tempo do final de semana, mas antes disso vai ter bastante vento que deve trazer um pequeno repique no nível do Guaíba”, informa Marcelo Schneider, meteorologista do Inmet.
“Vão ser dois fatores: o acumulado de chuva dessas 36 horas, que pega em parte da bacia do Jacuí, do Rio Pardo e parte do rio dos Sinos, e o vento a partir de quinta-feira à tarde e, principalmente, na sexta-feira. Vão ser algumas rajadas constantes no sentido sudoeste que certamente vão provocar alteração no nível do Guaíba, que ainda está bastante elevado”, explica.
De acordo com dados climáticos do Inmet, sábado (25) e domingo (26) não deve chover em Porto Alegre. Porém, uma nova frente fria vai chegar ao estado na tarde de domingo, criando novas condições para chuvas até terça-feira (28).
Essas chuvas, provocadas pela passagem de um ciclone pelo oceano Atlântico, devem atingir também o litoral de Santa Catarina, Paraná e São Paulo.
Após o temporal desta sexta, uma massa de ar polar vai tomar conta do Rio Grande do Sul e de parte de Santa Catarina, derrubando as temperaturas. O vento vai fazer a mudança térmica ocorrer mais rapidamente. A temperatura no sul gaúcho terá a mínima de 3 °C e a máxima de 12 °C.
Em Porto Alegre, no decorrer do final de semana, as mínimas ficam abaixo dos 10 °C, com sensação térmica baixa. As máximas não passarão dos 14 °C. E ainda pode haver geada nas serras gaúcha e catarinense e em parte da campanha gaúcha.
A boa notícia para os gaúchos é que, após a chuva de domingo a terça, há a previsão de um período de pelo menos sete dias de estiagem, o que ajudará na recuperação do nível dos rios e lagos. O frio, porém, continuará.
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