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Em entrevista à Globonews ontem (4), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que sua visão sobre o ajuste fiscal foi mudando ao longo de sua permanência no cargo e a partir do momento em que ele tomou conhecimento da situação do país. Segundo ele, havia duas correntes distintas sobre o tema no governo.

De um lado, havia uma corrente que não considerava o ajuste fiscal importante; de outro, a que pregava o ajuste fiscal em cima de programas sociais, em cima do pobre.

O ministro disse que não adota nem uma nem outra visão, mas enfatizou que o ajuste fiscal é importante e que não deve ser feito em cima do pobre, mas de quem, segundo ele, historicamente deixou de pagar impostos.

“Nós não adotamos nem uma visão, nem a outra. A nossa visão foi de que o ajuste fiscal era importante, mas o ajuste fiscal tinha que ser, pela primeira vez na história do Brasil, feito em cima de quem deixou de pagar impostos”, enfatizou.

Além do ajuste fiscal, Haddad falou de inflação, juros, gastos obrigatórios do governo e crescimento do PIB (Produto Interno Bruto).

Sobre os gastos obrigatórios do governo, Haddad disse ser necessário realizar um debate sobre o crescimento deles, que estão avançando fortemente com o crescimento das despesas previdenciárias (chamadas de despesas obrigatórias), as quais são atreladas ao salário mínimo.

De acordo com Haddad, se nada for feito sobre despesas obrigatórias, os gastos livres dos ministérios (conhecidos como “discricionários”, ou seja, não obrigatórios), acabarão nos próximos anos, podendo levar a uma paralisia do Estado e o fim de recursos para algumas ações importantes.

“Todas regras mantidas, as despesas obrigatórias vão consumir as despesas discricionárias. Vamos ter de fazer um debate sobre isso”, declarou Haddad.

Veja o que Haddad falou sobre inflação, PIB e juros

Inflação: O mandatário da Fazenda disse não ver grande risco de que um crescimento maior da economia acabe gerando um descontrole de preços. “Se você for tomando os cuidados devidos, e fazendo as reformas. Se controlarmos a oferta, não vamos ter pressão inflacionaria em um futuro próximo. Brasil não tem razões para crescer menos do que a média mundial. Media mundial tem sido em torno de 3%”, disse.

Depois que o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou, na última terça-feira (3), avanço de 1,4% do PIB no segundo trimestre, Haddad disse que os investimentos podem garantir um crescimento com baixa inflação.

“Temos que olhar muito para o investimento porque ele que vai garantir crescimento com baixa inflação. Se nós não aumentarmos a nossa capacidade instalada, vai chegar um momento que vamos ter dificuldade de crescer sem inflação”, disse, apontando que os investimentos apresentaram desempenho acima do esperado no último trimestre.

PIB: A respeito do crescimento da economia no segundo trimestre, Haddad avaliou os dados positivos divulgados pelo IBGE como resultado de um “ciclo virtuoso” gerado por “ajustes no lugar certo”.

“Quando você faz o ajuste sobre os mais pobres, derruba o consumo e o investimento. Ninguém vai investir sem ter para quem vender. Agora a pessoa está investindo pois tem para quem vender. Brasil está crescendo com baixa inflação”, afirmou.

Taxa Selic: Questionado sobre o patamar da taxa básica de juros, a Selic, definida pelo Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central, Haddad disse apenas confiar “na capacidade técnica” do colegiado. “Não acho elegante da minha parte dizer o que o BC tem de fazer. Assim como eles também respeitam a autoridade fiscal da Fazenda”, resumiu.

Na próxima semana, o Copom se reúne para definir o patamar dos juros. Diante dos números positivos da economia, há uma ala do mercado apostando que o Copom pode até mesmo elevar a Selic para frear as pressões inflacionárias.

Redação ICL Economia
Com informações do g1
 

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