Um cidadão americano que viveu 70 anos no “pulmão de aço” morreu na segunda-feira (11), em Dallas, no território do Texas, nos Estados Unidos. Paul Alexander, de 78 anos, estava no equipamento desde que contraiu poliomielite em 1952. O anúncio do falecimento foi feito por Christopher Ulmer, um colaborador de uma corrente de arrecadação de fundos no GoFundMe.
A informação foi confirmada pelo irmão dele, Philip Alexander, em uma postagem no Facebook. A causa da morte, porém, não foi divulgada. “Foi uma honra fazer parte da vida de alguém tão admirado quanto ele. Ele tocou e inspirou milhões de pessoas e isso não é exagero”, escreveu Philip.
Em 1952, Paul Alexander contraiu poliomielite, doença que afeta o sistema nervoso causando a paralisia. Ele perdeu o controle dos movimentos do pescoço para baixo, inclusive o da respiração. Portanto, teve que viver em um “pulmão de aço”, máquina que fornece ar ao paciente.
Mesmo em condições tão limitadoras, o americano se formou em direito e publicou um livro de memórias, “Three Minutes for a Dog: My Life in an Iron Lung” escrito com uma caneta presa a sua boca.
Aos 21 anos, Paul Alexander se tornou a primeira pessoa a se formar no ensino médio sem comparecer presencialmente em nenhuma aula, prosseguindo a vida acadêmica na Universidade do Texas.
Em 2015, o pulmão de aço de Paul Alexander teve de ser reparado por um mecânico após começar a vazar ar. Mesmo com outras possibilidades de tratamento, o indivíduo preferiu se manter atrelado ao equipamento ao qual já estava acostumado.
O “pulmão de aço” é uma caixa cilíndrica amarela na qual os pacientes precisam se deitar e ter um dispositivo preso firmemente no pescoço. Atualmente, a poliomielite só não foi erradicada em países como Nigéria, Afeganistão e Paquistão, devido à grande proliferação de vacinas contra a doença.
História do pulmão de aço
O Pulmão de Ferro ou Aço é como é chamado popularmente o ventilador de pressão negativa. Esse equipamento permite que uma pessoa respire em caso de paralisia dos músculos da respiração ou quando o esforço necessário para a respiração excede a capacidade dessa pessoa.
O pulmão de aço foi criado pelo professor Philip Drinker na década de 1920 e funciona pela variação da pressão do ar no interior do equipamento, forçando a caixa torácica a expandir e contrair, mantendo as funções respiratórias normais mesmo em casos de paralisia.
A paralisia era causada pela infecção pelo poliovírus, denominada como poliomielite ou simplesmente pólio. A doença surgiu nos Estados Unidos em um surto em Vermont no verão de 1894. Após este acontecimento, o país foi aterrorizado por décadas por epidemias nas estações de verão. Esses surtos anuais afetavam cada vez mais os adolescentes e os adultos jovens, e o número de casos de paralisia aumentava rapidamente.
Muitas vítimas morriam quando seus músculos respiratórios eram paralisados, e milhares de crianças e jovens perderam os movimentos das extremidades permanentemente. Após a invenção do pulmão de ferro, milhares de pessoas foram mantidas vivas, algumas recuperando-se após um período no respirador e outros vivendo toda a vida no interior do equipamento.
Em 2013, o Polio Health International estimou que havia entre seis e oito usuários do equipamento. O equipamento deixou de ser a única medida contra a pólio com o desenvolvimento da vacina Salk em 1954, que contribuiu para diminuir drasticamente os casos graves da doença.
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