Na história da indústria do entretenimento, a mulher, em geral, era retratada como uma peça ornamental e, de preferência, com pouca roupa. “Faça seu trabalho e fique de boca fechada” — isso era absolutamente normal.
A roteirista Callie Khouri conta que estava dirigindo em uma noite qualquer, quando teve um momento de revelação sobre o papel feminino nas artes e que aquilo mudou tudo! Foi mais ou menos assim que nasceu “Thelma & Louise“, o filme que lhe rendeu o Oscar de melhor roteiro original em 1992.
A obra ainda é arrebatadora. Imaginem, há mais de 30 anos, a sensação de liberdade e poder que o filme despertou em milhões de mulheres ao redor do globo. Naquela época, o papel feminino nas telas era, em sua maioria, um pacote caricato: sexy, engraçada, atrapalhada, complicada — um problema! Alguma semelhança com a imagem que ainda é atribuída às mulheres?
Na última coluna fiz uma provocação perguntando o que vocês gostariam de falar aqui. Um leitor pediu ajuda, ele escreveu: gostaria que falasse sobre o que nós homens podemos aprender a dizer pra vocês mulheres.
É um convite tentador, mas sinceramente eu não tenho a resposta. Estamos aprendendo a nos relacionar conosco e com o outro, é uma construção em conjunto para quem quer crescer e se aprofundar nas experiências e vivências humanas. Mas por que comecei falando de “Thelma & Louise”? Acho que esse filme é um convite a reflexão para homens que, como nossos leitores, querem se comunicar melhor com suas parceiras.
Tente limpar toda imagem pré-concebida que você tenha de uma mulher. Agora imagine uma página em branco. Mulheres podem ser astronautas, cientistas, escritoras, presidentas. Podem dirigir um carro a mais de 250 km por hora, podem ser a influência de jovens a começar a carreira esportiva no futebol, por exemplo. Mulheres podem ter um papel inspirador na sua vida e, ainda assim, ser sua namorada, mãe, irmã, companheira, amiga.
Percebe? Queremos ser percebidas, ouvidas e respeitadas em nossas relações pessoais, com todas as partes que formam quem somos. Se conseguir enxergar e admirar uma mulher, dificilmente vai cruzar a fronteira do ataque ou da ofensa.
Mulheres não querem ser salvas por homens, querem ser ouvidas. Querem que parem de controlar a narrativa repetida por gerações, que as colocam orbitando ao redor de homens. Mulheres não querem passar uma massa corrida, querem uma página em branco com direito às versões autorais de suas próprias histórias.
Todas as vezes que me senti invadida por um homem, aconteceu quando não fui considerada como igual.
Querido leitor, ainda tentando lhe responder, penso que saber o que dizer a uma mulher, tema ver com o que sentir em relação a ela como indivíduo. Espero ter ajudado e agradeço a oportunidade.
Se um dos caminhos é ouvir mais as mulheres, que tal elas mesmas sugerirem o que gostariam de ouvir? Vamos construirmos isso juntas? Escrevam aqui nos comentários. O interessante da vida é sair dela mais aluno que professor, não?
Até semana que vem 😊
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