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Uma pergunta começa a ganhar força na imprensa Argentina: quem paga a estadia de Javier Milei num luxuoso hotel de Buenos Aires? Eleito presidente do país, o extremista de direita e sua equipe estão há dois meses hospedados no Hotel Libertador, que fica na esquina das avenidas Córdoba e Maipú da capital. A diária no estabelecimento custa 350 dólares, o que começou a suscitar dúvidas sobre o financiamento das mordomias.

Há alguns dias, o porta-voz de Milei, Manuel Adorni, desviou de uma pergunta durante coletiva de imprensa. Uma jornalista o questionou sobre os gastos do presidente no hotel. Segundo publicaram veículos de comunicação argentinos, a longa estadia de Milei no hotel se deve à reforma que o mandatário deu ordem para ser feita na Quinta de Olivos – a residência oficial dos presidentes da nação.

As reformas na Quinta de Olivos está sendo feita para que os quatro cachorros de Milei vivam no local. Entretanto, ainda não há data para a mudança do presidente o valor das obras tampouco é revelado pelo novo governo. Sobre os cães, Milei tem uma relação esotérica com os quatro animais. Eles são clones reais de Conan, o original cão da raça mastín, com quem Milei se comunicaria através de uma vidente.

Hotel Libertador, Buenos Aires

‘No hay plata’

Embora Milei tenha vaticinado no discurso de posse que “no hay plata” (em espanhol “não há dinheiro”, em tradução livre), os meios locais perguntam de onde vem a “plata” para bancar a estadia do presidente no Libertador. E a razão é simples: o que se sabe é que Milei esgotou os recursos que recebia como deputado federal e, na verdade, é desconhecida a fonte de renda do presidente.

As dúvidas também permeiam o meio político. Representantes do peronismo analisam se seria possível apresentar uma queixa contra Milei por benefícios que ele esteja recebendo. Isso porque o Libertador é propriedade da empresa argentina Irsa, cujo dono é o empresário Eduardo Elsztain. A suspeita é de que uma relação estreita entre Milei e Elsztain posse ser “irregular” e levar o presidente a ter que responder por crime na Justiça, segundo a Lei de Ética Pública argentina.

Números e silêncio

Tendo como referência os 350 dólares por dia, o site argentino La Capital estima que o mês de alojamento de Milei no hotel saia a 10,5 mil dólares. Seriam mais de 8,6 milhões de pesos argentinos. E Milei já está no estabelecimento há dois meses.

Porta-voz de Javier Milei, Manuel Adorni. Foto: Reprodução/TV Pública Argentina/YouTube

Foram duas vezes que o porta-voz de Milei se recusou a responder sobre os custos no Libertador. Em vez disso, Adorni afirmou que quando Milei se mudar para a residência oficial, os gastos com as obras para os cachorros serão detalhados. Sobre os gastos no hotel, no entanto, silêncio do porta-voz.

O La Capital também explica ser possível que Milei justifique a estadia no Libertador dizendo se tratar de uma donação do empresário e amigo Elsztain. Mas o argumento poderia ser rebatido, já que as doações de campanha estão reguladas e proibidas por lei.

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