Levantamento inédito do IBGE, divulgado na sexta-feira (7), revela um universo de 8,9% (18,6 milhões) de pessoas com algum tipo de deficiência no Brasil. Os dados são da pesquisa “Pessoas com Deficiências” da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio) Contínua 2022. Por ser inédita, não há dados de outros anos para comparação.
O levantamento revelou que as pessoas com deficiência (PCDs) sofrem com uma série de barreiras para ter acesso aos estudos e ao mercado de trabalho. Quando conseguem ocupação, recebem remuneração menor do que as pessoas sem deficiência.
Acima de 80 anos, o percentual de pessoas com deficiência chega a mais da metade da população com essa idade no país. Mas, é importante ressaltar, que a questão da deficiência tem a ver com rendimento e qualidade de vida. Não se trata apenas de consequências do envelhecimento.
Das pessoas com deficiência no país, 3,4% têm duas ou mais deficiências acumuladas. Entre as dificuldades dos brasileiros, estão: subir degraus, enxergar (mesmo usando óculos ou lentes de contato), ouvir (mesmo usando aparelhos), aprender (lembrar-se das coisas ou se concentrar), levantar uma garrafa com 2 litros de água da cintura até a altura dos olhos, pegar objetos pequenos ou abrir e fechar recipientes, realizar cuidados pessoais, se comunicar (para compreender e ser compreendido).
O percentual de 8,9% foi calculado ainda com base na estimativa de população, de mais de 210 milhões de habitantes, e não com os dados iniciais do Censo divulgados na semana passada, que mostrou que o país tem 203 milhões de habitantes.
O maior percentual de pessoas com deficiência é de idosos. Em 2022, 47,2% das pessoas com deficiência tinham 60 anos ou mais de idade. Entre as pessoas sem deficiência, apenas 12,5% eram deste grupo etário.
Como referência, considerou-se pessoa com deficiência aquela a partir de 2 anos que respondeu ter muita dificuldade ou não conseguir de modo algum realizar as atividades perguntadas em ao menos um dos domínios funcionais investigados.
Nordeste tem a maior proporção de pessoas com deficiência devido às piores condições de vida na região
A região com maior proporção de pessoas com deficiência é o Nordeste, onde 10,3% da população tem algum tipo de deficiência. No ranking dos dez estados com cidadãos nessas condições, nove são nordestinos. Segundo o IBGE, isso se deve às piores condições de vida apresentadas na região.
Uma das novidades dessa pesquisa são os dados detalhados sobre o mercado de trabalho. Segundo a PNAD, o nível de ocupação (14 anos ou mais) é de apenas 26,6% entre as pessoas com deficiência, menos da metade dos 60,7% das pessoas sem deficiência. No caso, considera-se apenas pessoa sem ocupação, mas integrante da força de trabalho, aquelas que procuraram atividade ou estão aguardando início de um emprego.
Segundo o IBGE, o total de pessoas com deficiência com idade de trabalhar (14 anos ou mais) era de 17,5 milhões de pessoas. Porém, a força de trabalho representava 5,1 milhões.
A desigualdade de gênero também fica clara. Entre homens são 32,7% ocupados, e mulheres, 22,4%. No país, no primeiro trimestre do ano, o Nordeste segue com a maior taxa de desocupação entre as regiões.
Ainda segundo a pesquisa, a escolaridade ajuda a aumentar as chances, mas não há garantia de igualdade para aquelas pessoas com deficiência que chegam a concluir curso superior.
Além de menor ocupação, a taxa de informalidade das pessoas ocupadas com deficiência é maior, e mais da metade delas ocupa trabalho não formal: 55% das pessoas com deficiência que trabalhavam estavam na informalidade, enquanto para as pessoas ocupadas sem deficiência esse percentual foi de 38,7%.
Um detalhe importante é como eles têm relevância na renda familiar: 12% das pessoas responsáveis pelos domicílios no país têm alguma deficiência.
A pesquisa notou que a raça ainda pesa mais que deficiência. O fato de a pessoa ser branca garante um rendimento maior do trabalho principal superior ao de pessoas sem deficiência de pessoas de cor preta ou parda.
Também a taxa de analfabetismo é bem maior entre pessoas com deficiência do que entre pessoas sem deficiência. Enquanto a média nacional é 4,1% de analfabetos com 15 anos ou mais, entre as pessoas com deficiência esse percentual chega a 19,5%. É possível ver um retrato na dificuldade de acesso de pessoas com deficiência na escola no tempo correto.
Redação ICL Economia
Com informações do site UOL e agências de notícias
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