Por Carolina Bataier – Brasil de Fato
De janeiro a setembro de 2024, o fogo dos incêndios consumiu 8,4 milhões de hectares do Cerrado, uma área equivalente às proporções da Áustria. Em comparação ao mesmo período do ano anterior, isso representa um aumento de 117%.
Os territórios mais afetados foram as fazendas, com 3,9 milhões de hectares incendiados – quase a metade do total do período. As Terras Indígenas ficam em segundo lugar em maior área afetada, com 2,8 milhões de hectares incendiados. Áreas militares, unidades de conservação e terras públicas não destinada também tiveram aumento.
Os quilombos e assentamentos foram os únicos territórios com redução da área queimada quando comparadas à área média dos anos anteriores. As informações foram divulgadas nesta terça-feira (15), pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam).
“A seca no Cerrado impulsionou a expansão da área queimada em quase todas as categorias fundiárias. Para enfrentar esse cenário, é preciso fortalecer a Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo, mudando práticas de manejo agrícola e incentivando o uso controlado do fogo”, aponta Ane Alencar, diretora de Ciência do Ipam.
Com relação ao tipo de vegetação, a mais atingida pelo fogo foi a formação savânica, típica do Cerrado. Os campos alagados, zonas úmidas em determinadas épocas do ano, ficam em segundo lugar e, em terceiro, as áreas de uso agropecuário.
Fronteira agrícola e incêndios
No Matopiba, região que abrange parte dos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, o aumento da área queimada foi de 58% em comparação a 2023. Essa área é uma fronteira agrícola, por onde avançam os pastos e as lavouras de monocultura, principalmente da soja.
Em nota técnica emitida pelo Ipam, especialistas explicam que o fogo faz parte do ciclo natural do Cerrado, comum na transição entre a estação chuvosa e a seca. Nesse caso, os raios são os causadores de incêndios. No entanto, a ação humana tem modificado o regime natural do fogo, resultando em incêndios cada vez mais frequentes e intensos, sobretudo durante períodos críticos de seca, informa a nota.
“São cada vez mais os incêndios criminosos, gerados com a intenção de queimar grandes áreas sem controle, os principais responsáveis pelas maiores ocorrências de incêndios no auge da seca, com os maiores prejuízos socioeconômicos e ambientais”, informa o documento.
O comunicado informa ainda que o uso do fogo para atividades agropecuárias, como preparação do solo para o cultivo de soja e o manejo de pastagens, está entre os fatores que contribuem para o aumento das áreas queimadas durante a seca.
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