A marcha do Acampamento Terra Livre (ATL), que aconteceu nesta quinta-feira (10/4) em Brasília, foi marcada por violência. Ao chegarem ao Congresso Nacional, parte do grupo de índígenas que protestava estava se aproximando do prédio cantando junto com a deputada Célia Xakriabá (PSOL/MG) quando foram atacados pela polícia com bombas de gás.
“No meio do caminho, fomos atacados”, conta Lariza Gomes dos Santos, da etnia Xabriaba. “Não estávamos fazendo nada, apenas descendo e cantando”. De acordo com Lariza, a deputada foi atingida pelo gás, mas conseguiu entrar no prédio do Congresso.
Também da etnia Xabriabá, Elizania Gama de Oliveira, ainda relata que o ataque aconteceu quando uma repórter se aproximou da parlamentar e de seus parentes. “Foi diretamente na deputada. Eu não sei como ela está, levaram ela para ser socorrida”.
Elizania diz que nenhum manifestante estava ali para atacar, mas para reivindicar seus direitos ancestrais. “Eles vem e acham que a gente é qualquer coisa para eles poderem pisar. Querem roubar nossos direitos, querem fazer de nós um tapete, mesmo sabendo que tudo é nosso”.
Mais de dez pessoas precisaram de atendimento médico após desmaiarem. Mesmo durante o atendimento, a PM atirou mais uma bomba nos manifestantes.
De acordo com a assessoria da deputada Célia Xakriabá, ela chegou a ser barrada mesmo desfalecida, mas recebeu atendimento dentro do Congresso.
A deputada fará uma coletiva de imprensa nesta sexta-feira (11), às 10h, no Salão Verde da Câmara dos Deputados, para denunciar a violência policial sofrida durante a marcha do Acampamento Terra Livre.
A parlamentar foi atingida por gás de pimenta e bombas de efeito moral, mesmo após se identificar como deputada federal, e relatará os detalhes do ataque, além de apresentar provas e vídeos da ação desproporcional das forças de segurança.

Sob ataque de ruralistas e a vigência da Lei do Marco Temporal, indígenas afirmam não querer ser ouvintes na COP30. (Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
Também será abordada a gravação realizada durante reunião da Secretaria de Segurança do DF, na qual um agente ainda não identificado afirma: “Deixa descer logo… Deixa descer e mete o cacete se fizer bagunça”, apontando a premeditação do ataque.
Na ocasião, a deputada anunciará as medidas jurídicas e políticas em resposta aos fatos.
Relacionados
Indígenas denunciam empresa Fischer, da maçã da Mônica, por tortura e omissão
Os Kaiowá foram reprimidos quando trabalhavam no cultivo de maçãs, com contratos intermediados por órgãos públicos
Sugestão de ‘meter cacete’ em indígenas partiu de servidor do Ministério de Relações Exteriores
Secretaria garantiu que o áudio não partiu de nenhum representante das forças de segurança do Distrito Federal
Estudo inédito mostra que, sob pressão, garimpo ‘migra’ e segue afetando TIs
Relatório mostra dinâmica de migração da atividade que destruiu 4,2 mil hectares de floresta entre 2023 e 2024