Pelo segundo mês consecutivo, a inflação pesou mais sobre os brasileiros com renda mais alta, conforme levantamento do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) divulgado na sexta-feira (15). Entre os dois extremos, o impacto inflacionário entre as pessoas de renda muito baixa ficou em 0,61% naquele mês, enquanto naquelas de renda alta foi de 0,92%. O motivo é que pesaram mais na inflação de junho itens como combustíveis, passagens aéreas e planos de saúde, produtos de mais impacto na cesta dos brasileiros de maior poder aquisitivo.
No acumulado do ano, de janeiro a junho, a inflação registra altas que variam de 5,43% (renda muito baixa) a 5,69% (renda alta). Já no acumulado de doze meses, à exceção da faixa de renda média-alta, com taxa de variação de 11,5%, todas as demais registram altas próximas a 12,0%. Os dados do IPEA estão compilados no Economia para Todos – Boletim Diário de Notícias Econômicas e Atualização do Mercado, divulgado nesta segunda-feira (18) e produzido pela equipe do ICL.
Os indicadores mostram ainda que, em junho, a inflação para a população com renda baixa foi de 0,63%; renda baixa-média, 0,62%; renda média, 0,7%; e renda média-alta, 0,72%.
O impacto inflacionário sobre os brasileiros de menor poder aquisitivo é que, no período, houve redução do preço dos alimentos, com maior peso nessa faixa da população. “O problema inflacionário continua sendo um dos mais graves na economia brasileira atual e precisa rapidamente ser corrigido para que sejam amenizados os problemas sociais causados pela alta dos preços”, afirmam os economistas do ICL Débora Magagna e André Campedelli, no boletim.
No acumulado em 12 meses, o impacto inflacionário para as pessoas com renda muito baixa, com renda baixa-média e com renda alta foi exatamente o mesmo, de 12%, enquanto para a renda baixa e para a renda média foi de 11,9%. O equilíbrio se manteve como o observado em maio passado.
Como já mostrado, em 2022, no acumulado de janeiro a junho, a inflação tem pesado mais para a população de renda alta, seguido pela renda média (5,58%), renda baixa (5,48%), renda baixa-média (5,47%), renda média-alta (5,46%) e, por fim, a renda muito baixa (5,43%). Historicamente, o impacto inflacionário tem sido muito semelhante para todos os estratos de renda.
Em junho, o impacto da inflação dos alimentos para a população de renda muito baixa foi de 0,24%. Para a população de renda alta, de 0,13%. No caso do grupo transportes, o impacto para a população com renda muito baixa foi de 0,06%, e para a renda alta, de 0,39%. No caso da saúde, ocorreu o mesmo, com impacto de 0,1% para a renda muito baixa e de 0,21% para a renda alta.
Planos de saúde e transportes são decisivos para a inflação dos mais ricos
A elevação do preço dos combustíveis e o reajuste dos planos médicos foram decisivos para a inflação observada nos estratos mais altos de renda, inclusive no período de um ano. Por outro lado, no acumulado em 12 meses, enquanto o grupo alimentos e bebidas teve um impacto relevante para a população com renda muito baixa, o grupo transportes afetou com mais intensidade a população com renda alta.
O impacto do primeiro grupo (alimentos e bebidas) para aqueles com renda muito baixa foi de 4%; já para a população com renda alta foi de 1,59%. O segundo grupo (transportes), com o aumento dos combustíveis, teve impacto de 2,22% entre as pessoas com renda muito baixa, enquanto que, para a renda alta, essa variável impactou 6,4%, ou seja, um impacto quase três vezes maior.
Em junho de 2021, a situação era completamente diferente. Naquele mês, a inflação afetou mais a população de renda baixa do que a população de renda alta. No ano passado, a inflação foi de 0,62% para a população com renda muito baixa e de 0,36% para a população com renda alta, pois, em 2021, o impacto dos alimentos foi o principal problema inflacionário.
Redação ICL Economia
Com informações do IPEA e do Boletim “Economia Para Todos Investidor Mestre”, distribuído aos assinantes do Portal ICL
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