O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de dezembro foi de 0,56% e ficou 0,28 ponto percentual (p.p.) acima da taxa de novembro (0,28%). Em dezembro de 2022, a variação havia sido de 0,62%. O IPCA fechou o ano com alta acumulada de 4,62%.
Os dados foram divulgados na manhã desta quinta-feira (11) pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e mostram que, pela primeira vez após dois anos de estouro da meta de inflação, o indicador ficou abaixo do teto da meta.
A meta central de inflação definida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) em 2023 é de 3,25%, e será considerada formalmente cumprida se o índice oscilar entre 1,75% (piso) e 4,75% (teto).
Isso livra o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, de escrever a cartinha se justificando sobre o porquê, a despeito da taxa básica de juros (Selic) alta, não ter conseguido fazer com que o indicador inflacionário ficasse dentro da meta definida pelo colegiado, como aconteceu nos dois anos anteriores. Em 2021, o IPCA somou 10,06%. E, em 2022, a inflação somou 5,79%.
Todos os grupos de produtos e serviços pesquisados pelo IBGE tiveram alta em dezembro. A maior variação (1,11%) e o maior impacto (0,23 p.p.) vieram do grupo Alimentação e Bebidas, que acelerou em relação a novembro (0,63%). A segunda maior contribuição (0,10 p.p.) veio de Transportes, com alta de 0,48%. A segunda maior variação, por sua vez, foi de Artigos de residência (0,76%), após recuar 0,42% em novembro. O grupo Habitação (0,34%) desacelerou ante o mês anterior (0,48%). Os demais grupos ficaram entre o 0,04% de Comunicação e o 0,70% de Vestuário.
O grupo Alimentação e bebidas registrou alta de 1,11% em dezembro, após subir 0,63% em novembro. A alimentação no domicílio subiu 1,34%, influenciada pelas altas da batata-inglesa (19,09%), feijão-carioca (13,79%), arroz (5,81%) e frutas (3,37%). Já o leite longa vida recuou pelo sétimo mês consecutivo (-1,26%).
A alimentação fora do domicílio (0,53%) acelerou em relação ao mês anterior (0,32%). Tanto o lanche (0,74%) como a refeição (0,48%) tiveram altas mais intensas que as de em novembro (0,20% e 0,34%, respectivamente).
“O aumento da temperatura e o maior volume de chuvas em diversas regiões do país influenciaram a produção dos alimentos, principalmente dos in natura, como os tubérculos, hortaliças e frutas, que são mais sensíveis a essas variações climáticas”, explica o gerente do IPCA, André Almeida.
“No caso do arroz, que registrou alta pelo quinto mês seguido, a produção foi impactada pelo clima desfavorável”, diz o pesquisador. “Já a alta do feijão tem relação com a redução da área plantada, o clima adverso e o aumento do custo de fertilizantes”, completa.
No grupo Habitação (0,34%), a energia elétrica residencial subiu 0,54%, influenciada pelos reajustes de 13,00% em Rio Branco (7,62%), a partir de 13 de dezembro e de -1,41% em uma das concessionárias pesquisadas em Porto Alegre (0,72%), a partir de 22 de novembro.
Ainda em Habitação, a alta da taxa de água e esgoto (0,85%) foi influenciada pelos seguintes reajustes: de 15,76% em Belém (15,76%), a partir de 28 de novembro; de 4,97% em uma das concessionárias pesquisadas em Porto Alegre (2,46%), a partir de 1º de dezembro; e de 10,23% no Rio de Janeiro (2,45%), a partir de 8 de novembro. Já o subitem gás encanado subiu 1,25%, por conta do reajuste de 3,30% em São Paulo (2,27%), a partir de 10 de dezembro e do reajuste médio de 0,98% aplicado no Rio de Janeiro (0,03%), com vigência a partir de 1º de novembro.
No grupo dos Transportes (0,48%), o resultado foi influenciado pelo aumento nos preços das passagens aéreas (8,87%), subitem com a maior contribuição individual (0,08 p.p.) no índice do mês. Por sua vez, todos os combustíveis (-0,50%) pesquisados registraram queda de preços: óleo diesel (-1,96%), etanol (-1,24%), gasolina (-0,34%) e gás veicular (-0,21%).
Ainda em Transportes, a variação do ônibus urbano (-0,61%) foi influenciada pela gratuidade nas tarifas aos domingos em São Paulo (-4,17%), a partir de 17 de dezembro. Além disso, houve reajuste de 6,12% em Salvador (2,55%), a partir de 13 de novembro, e de 16,67% em Belo Horizonte (0,67%), a partir de 29 de dezembro.
Nos índices regionais, somente Aracaju (-0,29%) teve variação negativa em dezembro, influenciado pela queda nos preços da gasolina (-11,53%). Já a maior variação foi registrada em Rio Branco (0,90%), por conta da alta da energia elétrica (7,62%).
INPC tem alta de 0,55% em dezembro
O Índice Nacional de Preços ao Consumidor – INPC teve alta de 0,55% em dezembro, 0,45 p.p. acima do resultado de novembro (0,10%). Em dezembro de 2022, a taxa foi de 0,69%.
Os produtos alimentícios passaram de 0,57% de variação em novembro para 1,20% em dezembro. A variação dos não alimentícios também foi maior: 0,35% em dezembro frente à queda de 0,05% no mês anterior.
Quanto aos índices regionais, somente Aracaju (-0,22%) teve variação negativa em dezembro, influenciado pela queda nos preços da gasolina (-11,53%). A maior variação ocorreu em Belo Horizonte (0,85%), puxada pelas altas da batata-inglesa (29,15%) e da banana-prata (15,81%).
IPCA fecha ano com alta de 4,62%
O IPCA encerrou o ano com variação acumulada de 4,62%, abaixo dos 5,79% registrados em 2022. O resultado de 2023 foi influenciado principalmente pelo grupo Transportes (7,14%), que teve o maior impacto (1,46 p.p.) no acumulado do ano. Na sequência, vieram Saúde e cuidados pessoais (6,58%) e Habitação (5,06%), com impactos de 0,86 p.p. e 0,77 p.p., respectivamente. Alimentação e bebidas, grupo de maior peso no IPCA, subiu 1,03% no ano.
Nos Transportes, destaca-se a alta da gasolina (12,09%), subitem de maior peso entre os 377 subitens que compõem o IPCA e responsável pelo maior impacto (0,56 p.p.) em 2023. Na sequência, veio o subitem emplacamento e licença (21,22% e 0,53 p.p.). Outra alta importante foi das passagens aéreas, que subiram 47,24% e contribuíram com 0,32 p.p. no acumulado do ano. Os preços dos automóveis novos (2,37%) subiram em ritmo menor que no ano anterior (8,19%) e os automóveis usados (-4,80%) tiveram recuo em 2023.
Em Saúde e cuidados pessoais (6,58%), a maior contribuição (0,43 p.p.) veio do plano de saúde (11,52%). Em junho, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) fixou o teto para reajuste dos planos individuais novos (posteriores à lei nº 9.656/98) em 9,63% para o período de maio de 2023 a abril de 2024. A partir de outubro, foram incorporadas as frações referentes aos planos antigos, com vigência retroativa a partir de julho. Destaca-se, ainda, a alta de 5,83% dos produtos farmacêuticos. Em 31 de março de 2023, passou a valer o reajuste de até 5,60% nos preços dos medicamentos.
Em Habitação (5,06%), a principal contribuição positiva veio da energia elétrica residencial (9,52% e 0,37 p.p.). Cabe ressaltar que vigorou, ao longo de todo o ano de 2023, a bandeira tarifária verde, em que não há cobrança adicional nas faturas. Outros destaques foram a taxa de água e esgoto (10,08%), o condomínio (6,74%) e o aluguel residencial (3,21%). Por outro lado, houve queda de 6,89% no gás de botijão, com impacto de -0,10 p.p. no índice acumulado do ano.
O resultado do grupo Alimentação e bebidas (1,03%) foi influenciado pela queda nos preços da alimentação no domicílio (-0,52%). Os destaques foram óleo de soja (-28,00% e -0,09 p.p.), frango em pedaços (-10,12% e -0,07 p.p.) e as carnes (-9,37% e -0,27 p.p.). Os preços do óleo de soja recuaram em dez dos 12 meses de 2023. Os preços das carnes e do frango em pedaços caíram de janeiro a setembro e, a partir de outubro, voltaram a registrar alta.
A alimentação fora do domicílio, por sua vez, subiu 5,31%. Enquanto a refeição teve aumento de 4,34%, a alta do lanche foi de 7,24%.
Nos índices regionais, Brasília (5,50%) foi a área com a maior variação em 2023, influenciada principalmente pelas altas das passagens aéreas (93,57%), plano de saúde (11,79%) e gasolina (9,44%). O menor resultado foi em São Luís (1,70%), puxado pelas quedas nos preços das carnes (-13,52%) e do gás de botijão (-15,40%).
INPC tem alta de 3,71% no ano
A alta acumulada do INPC em 2023 foi de 3,71%, abaixo dos 5,93% registrados em 2022. Os alimentícios tiveram alta de 0,33%, enquanto os não alimentícios variaram 4,83%. Em 2022, o grupo Alimentação e bebidas havia subido 11,91%, enquanto os não alimentícios subiam 4,08%. A tabela a seguir apresenta os resultados por grupo de produtos e serviços.
Nos índices regionais, a maior taxa ficou com a região metropolitana de Belém (4,97%), por conta das altas do emplacamento e licença (28,69%) e da gasolina (15,16%). A menor variação ocorreu em São Luís (1,62%), cujo resultado foi influenciado pelo recuo nos preços das carnes (-12,59%) e do gás de botijão (-15,40%).
Para o cálculo dos índices, foram comparados os preços coletados no período de 1º de dezembro a 29 de dezembro de 2023 (referência) com os preços vigentes no período de 31 de outubro a 30 de novembro de 2023 (base).
Da Agência de Notícias IBGE
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