O Irã confirmou oficialmente, nesta segunda-feira (23), o lançamento de um ataque com mísseis contra a Base Aérea de Al Udeid, no Catar, a maior instalação militar dos Estados Unidos no Oriente Médio. A ofensiva ocorre como retaliação ao ataque norte-americano contra três instalações nucleares iranianas no último fim de semana.
A informação foi divulgada pela agência de notícias iraniana Tasnim, que relatou que a operação recebeu o nome de “Anunciação da Vitória”.
A Guarda Revolucionária Islâmica do Irã (IRGC, na sigla em inglês) assumiu a autoria do ataque e classificou a ação como um “ataque devastador e poderoso”. O comunicado da IRGC destacou que o alvo do ataque foi “o principal centro de comando avançado dos EUA na região”.
“A Base Aérea de Al Udeid é o principal quartel-general da Força Aérea dos EUA e o maior ativo estratégico do exército terrorista americano na Ásia Ocidental”, declarou a IRGC em comunicado oficial. A nota ainda afirma que o Irã “responderá a qualquer agressão contra sua integridade territorial, soberania e segurança nacional”.
Segundo uma autoridade israelense, pelo menos dez mísseis foram disparados em direção ao território catariano, enquanto outro míssil foi lançado contra uma base no Iraque.
Na capital catariana, Doha, moradores relataram ter visto sinalizadores nos céus e ouvido fortes explosões durante a noite. Inicialmente, não estava claro se os clarões vinham do acionamento dos sistemas de defesa aérea ou dos próprios mísseis. Imagens compartilhadas nas redes sociais indicam que sistemas antimísseis foram ativados.
O Ministério das Relações Exteriores do Catar informou que as defesas aéreas do país conseguiram interceptar os mísseis lançados e impediram danos maiores. Nenhuma vítima foi registrada até o momento.
Em nota, o governo catariano condenou veementemente a ação iraniana e pediu o retorno imediato ao diálogo diplomático. A declaração, publicada minutos após o ataque, já aparentava ter sido preparada com antecedência.
Tensão global: Irã x Israel
A escalada da tensão regional levanta preocupações sobre a possibilidade de um envolvimento mais direto dos Estados Unidos no conflito em curso entre Israel e Irã.
O presidente norte-americano Donald Trump convocou sua equipe de segurança nacional para uma reunião de emergência na Casa Branca. Segundo ele, “qualquer retaliação será respondida com força muito maior”. Um alto funcionário da Casa Branca afirmou ao portal Axios que a Casa Branca e o Departamento de Defesa estão monitorando de perto as ameaças à base no Catar.
A mídia estatal iraniana também confirmou que operações militares contra ativos norte-americanos estavam em andamento. Pouco antes do ataque, o presidente do Irã, Masoud Pezeshkian, publicou em sua conta na rede X: “Não começamos esta guerra, nem a buscamos; mas não deixaremos a agressão contra o grande Irã sem resposta”.
Situação no Oriente Médio
A Base de Al Udeid, localizada nos arredores de Doha, é considerada um dos principais ativos militares dos EUA fora do território americano. Fundada em 1996, a instalação ocupa uma área de 24 hectares e abriga cerca de 10.000 soldados. Atualmente, serve como sede avançada do Comando Central dos EUA (CENTCOM) e tem papel estratégico em operações militares no Iraque, na Síria e no Afeganistão. A base também opera com cerca de 100 aeronaves, incluindo drones e caças de combate.
A Base de Al Udeid já havia passado por uma redução de pessoal nas últimas semanas, com parte das aeronaves e militares sendo transferidos para locais estratégicos. O ataque representa uma significativa escalada nas tensões já elevadas entre Washington e Teerã, e reacende preocupações sobre a região do Oriente Médio.
Como medida de precaução, o Catar havia anunciado o fechamento temporário de seu espaço aéreo, integrando um conjunto mais amplo de ações diante do aumento das tensões. Países como Estados Unidos, Reino Unido e China emitiram alertas de segurança a seus cidadãos no país, recomendando que permaneçam em abrigos seguros até novo aviso.
Além do Catar, países como Bahrein, Kuwait, Emirados Árabes Unidos e Arábia Saudita também mantêm bases militares norte-americanas em seus territórios, sendo peças-chave na projeção de força dos EUA no Golfo Pérsico.
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