O presidente eleito da Argentina, Javier Milei, nomeou ontem o jurista Rodolfo Barra para a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional — o órgão presta assessoria jurídica para o governo argentino. De acordo com o jornal Página 12, Barra integrou um grupo neonazista na juventude e chegou a atacar uma sinagoga.
Rodolfo Barra foi ministro do Supremo Tribunal e também chefiou, entre 1993 e 1996, o Ministério da Justiça do governo do ex-presidente Carlos Menem. Barra renunciou ao cargo 1996, depois que a imprensa argentina revelou que, na juventude, ele integrou o Movimento Nacionalista Tacuara, um grupo neonazista local.
“Se fui nazista um dia, me arrependo”, disse Barra, na época, ao jornal argentino Página 12. A publicação argentina afirmou também que Barra teria participado de um ataque a uma sinagoga. Na ocasião, foram reveladas fotos em que o futuro procurador-Geral aparece fazendo a saudação nazista.

Capa do jornal argentino Pagina 12, de 1996
Barra também tem no currículo a autoria da chamada ‘Lei Mordaza’, que buscava limitar a atividade da imprensa.
Em comunicado, o Fórum Argentino Contra o Antissemitismo (Faca) informou que a nomeação de Barra é uma afronta ao espírito democrático argentino. “Um novo governo não pode iniciar a sua administração acolhendo em suas cadeiras indivíduos que professem antissemitismo ou qualquer forma de expressão de ódio”, diz o texto.
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