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Juliana Dal Piva

Formada pela UFSC com mestrado no CPDOC da FGV-Rio. Foi repórter especial do jornal O Globo e colunista do portal UOL. É apresentadora do podcast "A vida secreta do Jair" e autora do livro "O negócio do Jair: a história proibida do clã Bolsonaro", da editora Zahar, finalista do prêmio Jabuti de 2023.

Perto do fim do caso das joias, PF aprofunda investigação sobre Michelle Bolsonaro

Coluna apurou que é difícil ex-primeira-dama escapar de indiciamento da PF
03/06/2024 | 12h30

A Polícia Federal (PF) planeja concluir o inquérito que apura enriquecimento ilícito e apropriação ilegal de patrimônio público pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ) nos próximos dias e está aprofundando os dados da investigação que envolvem a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.

A coluna apurou que, com o material obtido, é difícil que Michelle escape de algum indiciamento. No entanto, o aprofundamento das investigações nessa reta final é necessário para tipificação precisa das condutas que serão apontadas. Michelle, porém, sempre negou as acusações.

O inquérito apura tanto a venda ilegal de joias presenteadas pelo governo saudita como o desvio de recursos públicos para pagamentos de Michelle e seus familiares feitos com dinheiro vivo. A investigação obteve mais dados do envolvimento dela no segundo caso.

Cartão usado por Michelle Bolsonaro

As suspeitas sobre os desvios iniciaram a partir de comprovantes de pagamentos obtidos no celular do ex-ajudante de ordens Mauro Cid e se ampliaram com a quebra de sigilo bancário e fiscal do militar e de outros ex-funcionários da ajudante de ordens.

Entre os dados, a PF identificou pagamentos de boletos para um irmão da ex-primeira-dama em setembro de 2021. Os investigadores também identificaram mensagens que apontam que Bolsonaro orientou Cid a fazer o pagamento de um boleto de uma despesa hospitalar para uma tia de Michelle, Maria Helena Braga, em dinheiro vivo. Esses dados foram revelados em uma reportagem do jornalista Aguirre Talento.

Os policiais suspeitam que uma empresa com contratos públicos na gestão Bolsonaro seria o local de origem das transferências feitas para um militar da Ajudância de Ordens, subordinado a Cid.

A investigação aponta que o segundo-sargento Luis Marcos dos Reis fez saques em dinheiro vivo para pagar despesas de um cartão de crédito que era utilizado pela ex-primeira-dama e também fez 12 depósitos em dinheiro na conta de uma tia de Michelle.

O cruzamento de informações demonstrou que saiu da conta da Cedro do Líbano Comércio de Madeiras e Materiais para Construção os depósitos de R$ 25,3 mil para a conta do sargento Dos Reis. Com sede em Goiânia, a empresa tem contratos com o governo federal e o principal é com a estatal Codevasf.

Foram localizados ainda três depósitos do sargento para a conta de Rosimary Cardoso Cordeiro, uma amiga de Michelle que chegou a emitir um cartão de crédito para a ex-primeira-dama.

Os depósitos, em espécie, que ela recebia eram usados para pagar a fatura do cartão de crédito da então primeira-dama. Outros depósitos foram diretamente para a tia de Michelle, Maria Helena Graces de Moraes Braga.

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