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Jones Manoel: ‘Aperto causado por nova regra fiscal trará perigo para o governo’

Historiador avalia que é preciso recuperar a força do pensamento crítico e da mobilização popular para enfrentar o neoliberalismo
01/01/2024 | 13h00

Por Jones Manoel*

Em 2024 vamos, novamente, viver perigosamente. O governo Lula conseguiu um interessante resultado de crescimento econômico devido aos efeitos da PEC de Transição, que reformulou o orçamento para 2023, liberando bilhões a mais para o gasto público esse ano. Em 2023, comparado com o ano passado, o gasto público primário cresceu 9%. Para 2024, começa a valer o Novo Teto de Gastos. O novo regime fiscal desenhado pela equipe de Fernando Haddad, no melhor dos cenários, permite uma expansão de 1,7% do gasto primário para o ano que vem. Combinado com a meta de déficit zero, poderemos ter um congelamento real do gasto público em ano de eleição. Para 2024, o funcionalismo público federal (ativos e pensionistas) já está sem reajuste salarial (2 milhões de pessoas), teremos redução orçamentária para áreas estratégicas, como Ciência e Tecnologia e Segurança Pública, universidades com o pires na mão, obras do PAC ameaçadas, etc.

O Novo Teto de Gastos, combinado com uma meta de déficit zero num marco de economia política de austeridade, frustrando as expectativas do povo trabalhador, pode ser o maior combustível para a extrema-direita retomar a ofensiva. Imagine, por exemplo, o que os representantes da burguesia no Congresso Nacional, os fascistas, o Partido Fardado (militares), o agronegócio, os monopólios de mídia, especuladores de todo tipo e afins não vão fazer com o Governo Lula tendo uma crise de popularidade por causa de uma política econômica de orientação liberal?

Como dizia o ministro da Cidadania e Direitos Humanos, Silvio Almeida, a austeridade, além de antipopular, é racista. Uma política econômica pautada na redução da capacidade do Estado oferecer políticas e serviços públicos, gerar emprego, induzir complexidade produtiva e fazer planejamento de longo prazo, é o melhor combustível para o fascismo surfar nas expectativas frustradas. Que em 2024, dentre as várias lutas e desafios que temos, consigamos recuperar a força do pensamento crítico e da mobilização popular para enfrentar o neoliberalismo e seu gêmeo mais raivoso e bestial, o fascismo!

 

*Historiador, youtuber, escritor, militante comunista e ministra curso no ICL

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