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João Pessoa tem 2º turno sem esquerda e com foco em operação da PF

Prefeito do PP teve 49,2% dos votos no 1º turno; candidato do PL, ex-ministro de Bolsonaro, tenta nacionalizar disputa
19/10/2024 | 05h00

Por Maurílio Júnior

(Folhapress) — O segundo turno da eleição municipal em João Pessoa tem entre suas principais pautas uma operação da PF que atingiu o candidato à reeleição, Cícero Lucena (PP), e a resposta à pandemia durante o governo Jair Bolsonaro, que teve entre seus ministros da Saúde o hoje candidato Marcelo Queiroga, do PL.

Queiroga tenta desbancar o favoritismo do prefeito, que ficou próximo da vitória no último dia 6, quando obteve 49,2% dos votos na capital da Paraíba.

O ex-ministro da Saúde, por sua vez, alcançou 21,8% na votação e superou o deputado federal Ruy Carneiro (Podemos) e o deputado estadual e ex-prefeito Luciano Cartaxo (PT) para chegar ao segundo turno.
Médico cardiologista, Queiroga disputa aos 58 anos uma eleição pela primeira vez.

Cícero Lucena (PP) e Marcelo Queiroga (PL) disputam o 2º em João Pessoa (Foto: Divulgação/Câmara dos Deputados)

Sua principal aposta agora, na busca por uma difícil virada, é a nacionalização do debate. Na quinta-feira (17), o ex-ministro recebeu visita do ex-presidente Bolsonaro, que participou de carreata pela cidade.

Logo após o fim da apuração do primeiro turno, o candidato do PL já tinha dado sinais de que radicalizaria o discurso ao chamar Cícero de “satanás”.

O prefeito, que conta com o apoio do governador João Azevêdo (PSB), tenta se desvencilhar do debate ideológico, mesmo com o apoio formal do PT. Isso porque o candidato petista no primeiro turno, Luciano Cartaxo, declarou neutralidade.

Além dele, o ex-governador Ricardo Coutinho (PT) também decidiu não manifestar apoio nem a Cícero, nem a Queiroga.

De uma safra mais tradicional da política, o atual prefeito já foi senador e governador. Fez sua carreira política no PSDB, onde foi opositor aos governos do PT no Senado de 2007 a 2015.

Para chegar ao seu quarto mandato de prefeito, Cícero enfrenta, além de Queiroga, a Operação Território Livre, da Polícia Federal, que investiga o envolvimento de facções criminosas na eleição da capital paraibana e o aliciamento violento de eleitores.

A primeira-dama de João Pessoa, Lauremília Lucena, foi presa em 28 de setembro, a uma semana do primeiro turno.

No dia 1º, a Justiça Eleitoral na Paraíba revogou a prisão, afirmando que ela não tem condenações criminais na Justiça, possui residência fixa e ocupação lícita e constituiu advogado. Cícero tratou a prisão da esposa como política.

Investigação da PF

As investigações indicam a existência de um suposto esquema criminoso em que integrantes da prefeitura viabilizavam a nomeação de servidores comissionados indicados por membros de facções. Em contrapartida, o grupo do prefeito receberia o apoio político e controle de territórios nas eleições.

No contra-ataque a Queiroga, que explora a operação policial, Cícero ataca a atuação do ex-ministro durante a pandemia da Covid, classificando-o como “pior ministro da Saúde da história”.

O candidato à reeleição faz menção, por exemplo, ao contrato do governo Bolsonaro para a compra da vacina indiana Covaxin com superfaturamento, e à falta de investimentos da gestão de Queiroga em João Pessoa.

O terceiro colocado no primeiro turno, Ruy Carneiro, declarou apoio ao ex-ministro da Saúde. Durante a campanha, Carneiro fez duras críticas ao prefeito, de quem já foi aliado no passado, o que inviabilizou uma reaproximação.

“O claro envolvimento da atual administração com o crime organizado, conforme tem revelado as investigações da Polícia Federal, exige a união de forças em defesa da nossa cidade”, disse, ao anunciar o apoio a Queiroga.

O PT declarou apoio ao prefeito. A justificativa é de que, do outro lado, o candidato do PL representa o avanço do bolsonarismo na capital paraibana. Porém, há um racha interno, já que Luciano Cartaxo, a sua vice Amanda Rodrigues e o marido dela, o ex-governador Ricardo Coutinho, se declararam neutros na disputa.

O partido elegeu apenas um vereador em João Pessoa, em um desempenho ruim.

A pré-campanha do PT já havia sido tumultuada, com a disputa interna entre Cartaxo e a deputada estadual Cida Ramos para saber quem seria o candidato do partido à prefeitura.

Além das alas de cada um deles, o presidente estadual do partido, Jackson Macêdo, defendia apoio a Cícero já no primeiro turno. No fim, prevaleceu a influência de Ricardo Coutinho sobre a executiva nacional, que optou pelo nome de Luciano.

Dividido na Paraíba, o PT elegeu apenas um prefeito no estado.

 

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