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Após o ataque do Hamas a Israel, em 7 de outubro de 2023, quando o território foi invadido e mais de mil israelenses foram mortos, além de mais de 200 civis tornados reféns, o governo de Benjamin Netanyahu iniciou a resposta militar. O que poderia ter respaldo nos tratados internacionais como ação de legítima defesa de uma nação revelou-se em pouco tempo como operação para aniquilar todo o povo que vive em Gaza.

De lá para cá, mais de 45 mil palestinos foram mortos nessa carnificina perpetrada pelo exército de Israel. Destes, 17.581 eram crianças e 12.048 mulheres.

Como se sabe, a desproporção entre as vítimas dos dois países é abissal.

Mas a crueldade do massacre pode ser medido por outras referências, tão aterrorizantes quanto os números.

Além destruir boa parte das moradias de Gaza, a ofensiva israelense tornou alvos campos de refugiados, universidades e escolas.

Israel proibiu a entrada de alimentos e remédios no território palestino e destruiu a estação de tratamento de água.

Imaginou-se que nesse ponto o nível de desumanização do governo Israelense tinha chegado ao topo. Mas ainda podia piorar.

A certa altura, os ataques de Israel se voltaram contra os hospitais, onde vítimas inocentes já sofriam com falta de insumos e médicos se desesperavam pela impotência de impedir a morte em série.

Um pouco depois, os próprios médicos se tornaram alvos.

Essa demonstração de barbárie das mais explicitas da história da humanidade continua em curso, sob a cumplicidade das grandes potências, que não fazem nada para interrompê-la.

Também é cúmplice a grande imprensa, que sempre tenta criar uma falsa simetria, como se o ataque do Hamas justificasse a sanha do governo israelense, ao massacrar dezenas de milhares de civis inocentes.

Só em alguns raros momentos essa barreira no noticiário é quebrada. Foi o que aconteceu com o pronunciamento do embaixador da Palestina no Conselho de Segurança da ONU, Riyad Mansour.

Ele leu a mensagem deixada pelo médico Mahmoud Abu Nujaila, morto em um ataque aéreo israelense ao Hospital Al-Awda.

“Quem ficar até o fim contará a história. Fizemos o que podíamos. Lembrem-se de nós”. Em dois trechos, o choro do embaixador interrompeu a leitura. “Lembre-se de nós”, insistiu, batendo sobre a mesa.

Á mensagem do médico, o diplomata acrescentou seu comentário:  “Devemos isso a eles (médicos palestinos) Nada pode explicar que, por 15 meses, palestinos em Gaza suportaram o inferno e foram abandonados a seu destino”, disse. “Nada justifica que os médicos que estavam tentando salvar vidas de vítimas se tornaram eles mesmos as vítimas e que a comunidade internacional não foi capaz de igualar nem mesmo parte de sua coragem e sua dedicação à humanidade”.

As lágrimas do embaixador da Palestina tiveram algum destaque nos meios de comunicação, mas logo serão esquecidas, assim como as milhares de vítimas de Gaza e os médicos que as tentaram salvar.

Logo restará na grande mídia apenas a palavra de Netanyahu, do governo americano e dos lobistas de Israel, que com a ajuda da imprensa conseguem naturalizar um dos maiores massacres dos tempos modernos.

 

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