Por Rodrigo Viana Borges, de Santiago
O ex-presidente chileno Sebastián Piñera morreu nesta terça-feira (6), aos 74 anos, em um acidente de helicóptero junto a outras três pessoas na comuna de Lago Ranco, região de Los Ríos, a cerca de 900 quilômetros ao sul de Santiago.
Piñera foi presidente do Chile por dois mandatos, de 2018 a 2022 e de 2010 a 2014. Seu último período no Palácio de La Moneda foi marcado por manifestações públicas conhecidas como Estallido Social, iniciadas com o aumento da tarifa do transporte público.
Os protestos, que começaram nas estações de metrô de Santiago, se transformaram em manifestações de demandas generalizadas, como acesso público e gratuito ao sistema de saúde e de educação e contra a privatização dos rios.
À época, o governo Piñera sofreu críticas pelo modo como reprimiu os protestos. Em outubro de 2019 declarou estado de emergência e toque de recolher na região metropolitana de Santiago, Valparaíso e Concepción, as três maiores cidades chilenas.
Foi a primeira vez que o país impôs medidas restritivas desde o fim da ditadura de Augusto Pinochet, em 1990. Não foram raros os casos de pessoas que tiveram a visão danificada pelo uso de balas de borracha.
A partir das manifestações, o governo Piñera retomou as conversas com o Legislativo para levar a cabo um processo para substituir a constituição chilena, executado apenas pelo seu sucessor, Gabriel Boric.
No entanto, o processo havia iniciado com a antecessora Michelle Bachelet. Ao assumir a presidência, Piñera afirmou que não apoiaria o projeto e retrocedeu apenas após o Estallido Social.
Ao fim de seu segundo mandato, em 2021, Piñera foi acusado de conflito de interesses com a empresa de sua família com a empresa Enjoy S.A., dona de cassinos no Chile. Segundo a acusação, Piñera teria favorecido, com um decreto presidencial, a empresa da família com vantagens em meio às restrições causadas pela pandemia de Covid-19.
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