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90% do desmatamento da Amazônia é abertura de pastagem, mostra estudo

Segundo o levantamento, de 1985 a 2023 a área de pastagem cresceu mais de 363%
04/10/2024 | 10h57

De 1985 à 2023, a abertura de áreas de pastagem foi o principal motivo de desmatamento na Amazônia, segundo o levantamento inédito do MapBiomas, que foi divulgado nesta quinta-feira (03).

A iniciativa analisou imagens de satélites, que mostraram que nesse período houve um crescimento das áreas de pastagem de mais de 363%, que representa um aumento de 12,7 milhões de hectares para 59 milhões.

Isso significa uma expansão de 46,3 milhões de hectares, que foram desmatados em menos de 40 anos. Segundo os dados, só em 2023, os pastos ocupavam cerca de 14% da Amazônia.

Em Amacro — região da Amazônia, Acre e Rondônia com 45 milhões de hectares — esse crescimento foi ainda maior. O monitoramento aponta que a área de pastagem teve um aumento de 11 vezes, o que fez com que quase toda a vegetação nativa fosse perdida.

Hoje, a região é conhecida como “fronteira do desmatamento”.

(Foto: Agência Brasil)

O levantamento ainda aponta que:

  • Mais de 90% das áreas desmatadas na Amazônia tiveram como primeiro uso a pastagem.
  • Que a agricultura também foi responsável por parte do desmatamento, com um pico em 2004, quando 147 mil hectares foram derrubados diretamente para esse fim, embora esse número tenha caído consideravelmente nos anos seguintes, principalmente devido à moratória da soja (que restringe a compra do grão).

De 1987 a 2020, 77% das áreas que sofreram desmatamento continuaram como pastagem, enquanto 12% já eram pasto e estavam em processo de recuperação.

O levantamento também mostrou que apenas 2% da região foi convertido para agricultura e seguem com esse uso. Áreas úmidas também sofreram com o desmatamento, perdendo 3,7 milhões de hectares, sendo 3,1 milhões transformados em pasto.

“Quando analisamos o que foi mapeado como superfície de água na Amazônia nesses 39 anos, observamos um aumento de área que é ocasionado pela criação de corpos hídricos antrópicos, como barragens e reservatórios na região. Porém se ampliarmos a análise para todas as classes úmidas (Água, Floresta Alagável e Campo Alagado), nota-se uma tendência de redução das áreas úmidas na Amazônia, o que pode já ser um forte indício de mudanças climáticas no bioma”, aponta o pesquisador do MapBiomas, Luis Oliveira.

O estudo também apontou como a região agrícola na Amazônia cresceu 47 vezes nesse período. A silvicultura — cultivo de florestas — também ganhou espaço, com a área plantada indo de 3,2 mil hectares em 1985 para 360 mil hectares em 2023.

 

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