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Líder de Zema na ALMG é condenado a 11 anos de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro

Sentença é decorrente de um processo que teve origem na Operação João de Barro, da Polícia Federal, de 2008
19/06/2024 | 10h12

O líder do governo de Romeu Zema (Novo) na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), João Magalhães (MDB), foi condenado pela Justiça Federal a 11 anos e oito meses de prisão pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.

A sentença é decorrente de um processo que teve origem na Operação João de Barro, da Polícia Federal, de 2008.

De acordo com as investigações do Ministério Público Federal (MPF), João Magalhães teria recebido propina em troca de destinar emendas parlamentares à Prefeitura de Tumiritinga, no Vale do Rio Doce.

Também foram condenados no caso o ex-prefeito da cidade, Luiz Denis Alves, e uma ex-assessora informal do parlamentar, Mary Rosane da Silva Lanes.

A denúncia aponta que João Magalhães recebeu do prefeito R$ 38 mil (cerca de R$ 144 mil em valores corrigidos), no dia 5 de outubro de 2007, “em contraprestação de emendas parlamentares àquele Município”.

As investigações do MPF foram acolhidas pelo Tribunal Regional Federal da 6ª Região (TRF-6). A informação é da rádio Itatiaia.

Denúncia aponta que João Magalhães recebeu do prefeito R$ 38 mil. Foto: ALMG

“Segundo a denúncia, o valor teria sido recebido através da conta de MARY ROSANE DA SILVA LANES, sua assessora informal e então Secretária do CISDOCE, que após o recebimento dos recursos, imediatamente repassava os valores para contas de pessoas da intimidade do então Deputado Federal, de forma a ocultar a natureza, origem, movimentação e propriedade do numerário”, diz trecho da sentença assinada pela juíza federal Gabriela de Alvarenga Silva Lipienski.

Na sentença da Justiça Federal, são mencionadas, ainda, uma série de mensagens e conversas telefônicas entre os condenados. Somados os crimes de corrupção passiva e lavagem de capitais, João Magalhães foi condenado a 11 anos e oito meses de reclusão, inicialmente em regime fechado.

“No caso dos autos, o conjunto de diálogos analisados não deixam dúvidas do seu significado. O conjunto dos documentos decorrentes da quebra de sigilo bancário de MARY LANES, dos documentos apreendidos na seda da CISDOCE, as interceptações telefônicas confirmam a tese defendida pelo MPF na denúncia e nas alegações finais de que os valores transferidos para a conta de MARY LANES a mando de LUIZ DENIS referem-se a propina a JOÃO MAGALHÃES pelas verbas federais destinadas ao município de Tumiritinga/MG”, diz trecho da decisão.

De acordo com a Justiça, o parlamentar se utilizou da cidade, que tem um baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) para praticar o crime.

“Por sua vez, as circunstâncias em que praticado o crime revelam especial astúcia, havendo o réu se valido da premente necessidade de município carente, 677ª posição no ranking de IDH no Estado de Minas Gerais, para liberação do dinheiro público. Ademais, também nas circunstâncias é preciso ter em vista a vultosa quantia paga a título de vantagem indevida, o equivalente a cerca de R$ 114.555,52 em valores atuais, aplicada a correção monetária própria”, diz trecho da denúncia.

A ex-assessora Mary Rosane da Silva Lanes foi condenada a 10 anos e dois meses de reclusão. Já o ex-prefeito de Tumiritinga, Luiz Denis, a 11 anos e seis meses de prisão.

O que diz o líder do governo Zema?

João Magalhães afirmou ter recebido a decisão com “tranquilidade” e que o caso ocorreu há quase duas décadas. Foto: ALMG

Em resposta à rádio Itatiaia, João Magalhães afirmou ter recebido a decisão com “tranquilidade” e que o caso ocorreu há quase duas décadas:

“Apesar de discordar da decisão em 1ª instância do tribunal, a recebo com tranquilidade. As referidas denúncias datam de quase 20 anos atrás e se baseiam em acusações infundadas. Não há nenhum indício de que eu tenha recebido qualquer vantagem indevida — o que será devidamente comprovado através de meus advogados ao longo do processo.

Sigo tranquilo com minha conduta e com a integridade de meus atos durante toda a minha vida pública. De 1996 a 2015, período em que exerci mandatos como deputado federal, não foi diferente.

Todas as medidas legais cabíveis estão sendo tomadas para que este assunto seja esclarecido e foco minhas energias na atuação em favor de Minas como deputado estadual e líder de governo”.

O que diz o governo Zema?

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), não se manifestou sobre o caso. O secretário de Estado de Governo, o deputado afastado Gustavo Valadares (PMN), disse que presta total solidariedade a João Magalhães e que ele é “peça importante” na relação com o Legislativo.

“O secretário de Estado de Governo de Minas Gerais, Gustavo Valadares, presta total solidariedade ao líder de Governo na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), João Magalhães, alvo de decisão de 1ª instância nesta terça-feira. Magalhães é peça importante no relacionamento do Executivo com o Legislativo, sempre se mostrou íntegro e respeitoso e terá tempo e espaço para apresentar, à Justiça, argumentos que comprovem sua inocência”, disse Gustavo Valadares, em nota.

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