Igor Mello

A rodada de pesquisas desta semana consolidou o favoritismo do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), para ir ao segundo turno contra Guilherme Boulos (PSOL). Contudo, um dado trazido pelos levantamentos da Quaest, divulgada na quarta (18), e do Datafolha, publicado nesta quinta (19), ainda trazem preocupação para Nunes na disputa com Pablo Marçal (PRTB) pelo voto bolsonarista.

Em ambas as pesquisas, Nunes e Marçal seguem empatados tecnicamente nas pesquisas espontâneas — quando o eleitor escolhe um candidato sem ser apresentado a uma lista. Na Quaest, Marçal está dois pontos percentuais à frente de Nunes — 14% a 12% para o coach. No Datafolha, o candidato do MDB aparece com 15%, contra 14% de Marçal.

Segundo executivos de institutos de pesquisa e cientistas políticos, a intenção de votos espontânea é um bom indicador do eleitorado que já decidiu votar em cada um dos candidatos.

Na pesquisa estimulada, Nunes e Boulos estão tecnicamente empatados em ambas as pesquisas — na Quaest, Marçal empata com os dois quase no limite da margem de erro.

Nunes e Marçal disputam voto bolsonarista

Os resultados dessa semana mostram que o eleitor bolsonarista ainda está dividido entre Nunes e Marçal, apesar do impacto negativo da briga protagonizada pelo coach no debate da TV Cultura, no último domingo (15).

Após provocar e ofender rivais, Marçal acabou levando uma cadeirada de José Luis Datena (PSDB). O candidato então tentou dramatizar o episódio, tendo sido removido da emissora de ambulância e posteriormente internado em um hospital. Contudo, ele não sofreu nenhum ferimento relevante. A exposição disso tudo nas redes foi lida por parte dos eleitores de direita como uma encenação.

As pesquisas chegam no momento em que Nunes se aproxima de posições bolsonaristas. Ele colocou o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em seu programa no horário eleitoral e deu entrevista ao influenciador bolsonarista Paulo Figueiredo, apontado como um dos articuladores da tentativa de golpe de 8 de janeiro. Na participação, Nunes acusou o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), de cometer excessos e saiu em defesa de Filipe Martins, ex-assessor de Bolsonaro na Presidência.

“Pega o caso do Filipe Martins, ficou preso. Seis meses. Lógico que o Alexandre de Moraes abusou do poder dele”, disse o prefeito.