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Com risco de reintrodução da pólio, líderes bolsonaristas de SC silenciam sobre vacinação

Campanha contra doença que pode voltar ao país é negligenciada por gestores que publicaram decretos antivacina no início do ano
31/05/2024 | 08h13

Por Amanda Miranda — Newsletter Passando a Limpo

Desde 2018 Santa Catarina não atinge a meta de 95% de cobertura vacinal contra a poliomielite, cuja campanha de vacinação começou a ser divulgada pelo Ministério da Saúde no início desta semana, com o Dia D marcado para 8 de junho.

Sem a meta, há riscos de reintrodução da doença no estado, que no dia 30 de maio registrava índices de cobertura de 90,04% da vacina injetável e 80,59% da oral bivalente, o que indica que os pais não estão completando o esquema de vacinação, composto pelos dois tipos de imunizantes na infância.

Apesar da divulgação da campanha no site oficial do governo do estado, nas suas redes pessoais o governador Jorginho Mello (PL) e os prefeitos bolsonaristas de algumas das principais cidades catarinenses evitam o tema, mesmo tendo feito alarde, há cerca de 4 meses, com a emissão de decretos com teor antivacina largamente difundidos em vídeos e postagens.

Há exatos quatro meses, Mário Hildebrandt (PL), prefeito bolsonarista de Blumenau, um dos polos regionais de Santa Catarina, emitiu decreto desobrigando as crianças da cidade de serem vacinadas contra a Covid-19 para a matrícula na rede escolar.

A medida teve uma espécie de efeito manada, espalhando-se por outros municípios até ser considerada inválida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) após uma ação ajuizada pelo PSOL-SC.

Cidades como Criciúma, Chapecó e Joinville, todas polos das suas regiões, também emitiram decretos, o que foi rapidamente seguido pelo governador catarinense.

Em 2 de fevereiro, Jorginho Mello gravou um vídeo em que disse que “em Santa Catarina a vacina não é obrigatória. Fica na consciência de cada catarinense”, referindo-se à prevenção da Covid-19 em crianças.

Jorginho Mello. Foto: Rafa Neddemeyer/ Agência Brasil

Coincidentemente, Santa Catarina não atinge a meta recomendada pelo Ministério da Saúde contra a pólio desde o ano da eleição do ex-presidente Jair Bolsonaro, assumidamente antivacina e um dos líderes inspiradores de políticos como Clésio Salvaro (PSD), prefeito de Criciúma, maior cidade da região Sul; Adriano Silva (Novo), de Joinville, cidade mais populosa do Estado, e João Rodrigues (PSD), de Chapecó. Juntos, eles são responsáveis por uma população de 1.038.982 pessoas.

Entre janeiro e fevereiro, estes prefeitos que assinaram decretos com teor antivacinação foram seguidos por outros 16 gestores municipais. Não apagaram as postagens em que divulgavam os decretos desobrigando a vacina contra a Covid-19 e não fizeram qualquer menção à campanha recém-lançada pelo Ministério da Saúde para evitar que uma doença erradicada volte a gerar sofrimento e mortes no país.

Na semana em que a campanha foi lançada, o governador Jorginho Mello postou fotos com o ex-ministro da Economia, Paulo Guedes, e comemorou o veto do Congresso às “saidinhas” de detentos. Já Hildebrandt, de Blumenau, postou versículos bíblicos e campanha anti-esmola.

João Rodrigues, por sua vez, fez vídeos mostrando sua ação de ajuda ao Rio Grande do Sul, enquanto Clésio Salvaro até postou fotos de um neto recém-nascido, mas sem comentar nada sobre vacinação infantil. Adriano Silva, candidato à reeleição em Joinville, aparece divulgando obras pela cidade.

A poliomielite

Segundo a Fundação Oswaldo Cruz, a poliomielite é uma doença infectocontagiosa aguda, causada por um vírus que vive no intestino, denominado poliovírus.

Embora ocorra com maior frequência em menores de cinco anos, também pode infectar adultos. A doença pode provocar desde sintomas como os de um resfriado comum a problemas graves no sistema nervoso, como paralisia irreversível, principalmente em crianças.

No Brasil, não há circulação de poliovírus selvagem desde 1990, em virtude do êxito da política de prevenção, vigilância e controle desenvolvida pelos três níveis do Sistema Único de Saúde (SUS).

A cobertura vacinal contra a poliomielite nas cidades citadas:

  • Chapecó — 98,25% injetável/ 75,76% oral bivalente.
  • Criciúma — 85,06% injetável/ 70,90% oral bivalente.
  • Blumenau — 87,23% injetável/75,86% oral bivalente.
  • Joinville — 91,34% injetável/ 86,57% oral bivalente.

A campanha em SC

Mais informações sobre a campanha de vacinação contra a poliomielite em SC aqui.

No Brasil

Saiba mais sobre a campanha no Brasil aqui.

 

 

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