Arthur Lira (PP–AL) e a extrema direita saem enfraquecidos após a votação da Câmara dos Deputados, na noite da última quarta-feira (10), que manteve a prisão do deputado Chiquinho Brazão (sem partido–RJ). A análise é do professor e cientista político Cláudio Couto.
“Creio que ambos se desgastaram porque foram derrotados. Saem com uma imagem de mais fracos e, principalmente, de quem não tem necessariamente condições para impor suas vontades”, avalia Couto.
Segundo o professor da FGV-SP, a votação enfraquece Arthur Lira e fortalece o STF, embaralhando ainda mais a disputa pela sucessão do comando da Câmara, marcada para o início de 2025.
Não por acaso, segundo Couto, Arthur Lira quis manter posição e não confessar o golpe que levou após a votação na Câmara. Na tarde desta quinta-feira (11), o presidente da Casa atacou o ministro Alexandre Padilha.
“Lira teve reação até surpreendente porque, enquanto o bolsonarismo, que é dado a gritar, ele é tido como um sujeito profissional, frio, mas saiu atacando. Acusou o golpe e isso, claro, mostra uma certa fraqueza, porque ele não é dado a esses rompantes”, completa.
Lira deu ‘colher de chá’ à extrema direita
Segundo o cientista político, Arthur Lira, “ainda que por meio do Elmar Nascimento (União Brasil-BA), apostou em dar uma colher de chá para a extrema direita”. Para Couto, o objetivo era ganhar terreno na sucessão na Câmara.
“Ele queria se fortalecer na disputa sucessória, com o nome do próprio Elmar. Como foi derrotado, ficou com uma imagem de mais fraco”, avalia o cientista.

Lira: presidente comanda sessão no Plenário da Câmara. Foto: Bruno Spada/ Agência Câmara
Couto também afirma que a extrema direita vai pagar o preço de ter votado a favor da liberação de Chiquinho Brandão. E sai sem realizar o objetivo, que era atingir o Supremo Tribunal Federal.
“A extrema direita, ao liberar da cadeia um assassino, sai sem que tenha atingido seu objetivo, que era fragilizar o STF. Ademais, a percepção do próprio STF sobre Lira não deve ter sido muito positiva”, completa Couto
Confira trecho da entrevista do cientista político Cláudio Couto ao ICL Notícias Segunda Edição.
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