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Em live semanal, Lula critica juros do consignado, dizendo que crédito é ‘triplamente caro’

Presidente se disse "indignado" com juro de 1,97% para quem "têm emprego garantido" com desconto na folha do pagamento. Ele disse que vai conversar com Haddad e banqueiros sobre o assunto. Petista também anunciou R$ 364 bi para a agropecuária empresarial
27/06/2023 | 18h15

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou, nesta terça-feira (27), a taxa de juros do consignado, atualmente em 1,97%. Na terceira edição do programa Conversa com o Presidente, live semanal transmitida via redes sociais do governo e do presidente, Lula comparou a taxa com aquelas cobradas de grandes empresários. O petista disse que vai conversar com o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, para rever os juros.

“O que me deixa indignado é que o juro do crédito consignado, que é dado para pessoas que têm emprego garantido, que é descontado no salário e, portanto, não tem como perder, é 1,97%. Juros sobre juros, dá quase 30% ao mês. Como é que o cara que ganha R$ 2 mil e pega R$ 1 mil no crédito consignado vai pagar 30% ao mês, e eu estou emprestando dinheiro para os grandes a 10% ao mês? O deles [empresários] também é caro. Mas esse [empréstimo consignado] é triplamente caro.”

Além de Haddad, o presidente disse que vai conversar com presidentes dos bancos, “para saber como a gente está lesando o povo pobre nisso”. “A gente está dando como garantia a folha de pagamento e ele [trabalhador] ainda paga mais caro que o empresário pelo empréstimo. O cara vai ao BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social], pega empréstimo a 14% ao ano. É muito caro, é um roubo, mas é metade do que paga o crédito consignado, que dá garantia. Não tem como dar cano, porque desconta na folha.”

Em março passado, foi anunciado que aposentados e pensionistas do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) passariam a tomar crédito consignado com taxa de juros de até 1,97% ao mês. Para a modalidade via cartão de crédito, a taxa máxima estipulada foi de 2,89% ao mês.

A decisão coube ao presidente Lula, que arbitrou o impasse entre os Ministérios da Previdência Social e da Fazenda. Anteriormente, bancos haviam suspendido a concessão de crédito consignado a aposentados e pensionistas do INSS após redução de taxa de juros., alegando que a medida provocava desequilíbrios nas instituições financeiras.

Sob o comando do ministro da Previdência, Carlos Lupi, o CNPS (Conselho Nacional da Previdência Social) havia aprovado uma redução no limite da taxa de juros para os empréstimos consignados.

Porém, a medida não havia sido alinhada integralmente com o governo e com o setor financeiro. Bancos públicos e privados chegaram a suspender a linha de crédito por dias, alegando que a taxa reduzida não cobria o custo da operação.

Além dos juros do consignado, Lula anuncia R$ 364 bi para a agropecuária empresarial

No Conversa com o Presidente, Lula também anunciou R$ 364 bilhões para um plano de financiamento da agricultura e da pecuária empresarial no país. De acordo com o Palácio do Planalto, os recursos vão apoiar a produção agropecuária nacional de médios e grandes produtores rurais até junho de 2024. O presidente voltou a criticar a manutenção da atual taxa básica de juros, a Selic, em 13,75%.

“Serão R$ 364 bilhões a uma média de 10% de juros ao ano. É caro. É muito caro. Esses juros poderiam ser mais baratos. Aí, tem um cidadão no Banco Central, a gente não sabe quem pôs ele lá, que traz os juros a 13,75%. Vamos emprestar R$ 364 bilhões para os agricultores do agronegócio a 10% de juros. Amanhã (28), vamos lançar o programa da agricultura familiar, me parece R$ 75 bilhões, a uma taxa de juros menor do que essa.”

Lula ainda comentou a viagem feita recentemente à Europa, dizendo que o combate às mudanças climáticas e ao desmatamento precisa ser acompanhado de ações contra a pobreza. Para ele, o ser humano deve se sentir “indignado com a desigualdade”.

No programa, ele também comentou que o Brasil sediará a COP30, a cúpula sobre mudanças climáticas das Nações Unidas, em 2025, pela primeira vez em um estado amazônico, o Pará.

“A gente da Amazônia precisa melhorar de vida, precisa ter mais qualidade de vida, mais saneamento básico, moradia de mais qualidade, melhores empregos, melhores salários, melhor educação. É isso que é cuidar do clima. É cuidar do povo junto com o cuidado da natureza”, frisou.

Redação ICL Economia
Com informações de O Globo e da Agência Brasil

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