Nesse espaço, a equipe do ICL Notícias dá dicas de livros, álbuns, séries, filmes, exposições, artistas e outras belezuras culturais para encantar os seus dias. Quem faz a indicação mais uma vez é o Xico Sá, que acompanhou o surgimento da turma genial de Chico Science e Nação Zumbi e recomenda muito a leitura de uma das obras da coleção “Livro do disco”, da editora Cobogó. É “Chico Science e Nação Zumbi — Da lama ao caos”, de Lorena Calábria.
Fala, Xico Sá!
O disco “Da lama ao caos”, de Chico Science & Nação Zumbi”, completa 30 anos de lançamento neste dia 14 de abril — data do show de apresentação a um grande público no Circo Benetton, em São Paulo. A obra-prima, que veio ao mundo originalmente ainda em vinil, figura nas mais diversas listas de críticos musicais como um dos melhores discos produzidos no Brasil da década de 1990.
Com muitas citações sonoras e literárias, o disco é um manguezal de referências da cultura pernambucana, brasileira e das influências internacionais da banda que surgiu no circuito Recife/Olinda. Todo esse tesouro da juventude é decifrado, faixa a faixa, no livro “Chico Science & Nação Zumbi — Da lama ao caos”, escrito pela jornalista Lorena Calábria para a coleção “O livro do disco”, uma iniciativa da editora carioca Cobogó.
Lorena fez um guia extraordinário para quem deseja conhecer os segredos do disco e o universo nordestino/cosmopolita em que ele foi gerado. Em entrevistas com os músicos, investigações minuciosas com produtores e conversas com testemunhas do “gênesis” do movimento manguebeat, a autora conta a história do álbum e daquele período fértil da arte de Pernambuco.
O leitor vai saber, por exemplo, que é o Velho Faceta, já conhecido do seu pastoril e de músicas sacanas cantadas pelos Trapalhões, que abre a faixa “A cidade”, um dos maiores sucessos do disco.
Outro sample, agora do lado estrangeiro das influências, é de Mark E. Smith, da banda inglesa The Fall, nos acordes iniciais de “Rios, pontes & overdrives”. Uma viagem capaz de juntar o Capibaribe ao Tâmisa.
Tudo isso era captado na “parabólica enterrada na lama”, a imagem que definia o movimento que sacudiu a música brasileira nos anos 90. Isso tudo foi debulhado, letra a letra, no livro de Lorena Calábria. Recomendo.
Xico Sá
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