O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o plano anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de assumir o controle da Faixa de Gaza é “praticamente incompreensível”, em uma entrevista concedida a um grupo as rádios Itatiaia, Mundo Melhor e BandNewsFM BH, de Minas Gerais.
“As pessoas precisam parar de falar aquilo que lhe vem na cabeça. […] Cada um governa o seu país e vamos deixar os outros países em paz”, afirmou. “Não faz sentido se reunir com o presidente de Israel e dizer: ‘nós vamos ocupar Gaza, vamos recuperar Gaza, vamos morar em Gaza.’ E os palestinos vão para onde, onde vão viver? Qual o país deles?”
As declarações do presidente comentaram a entrevista coletiva realizada na terça-feira (4) em Washington pelo presidente dos EUA Donald Trump e o primeiro-ministro de Israel Benjamin Netanyahu. Na coletiva, Trump anunciou os planos de os Estados Unidos assumirem o controle da Faixa de Gaza, deslocando os palestinos para o Egito e Jordânia. Netanyahu
De acordo com Lula, a guerra em Gaza foi um genocídio promovido por Israel e duvida da legitimidade do Estados Unidos, “que fazem parte de tudo isso”, para cuidar de Gaza.
“Quem tem que cuidar de Gaza são os palestinos. O que eles precisam é ter uma reparação de tudo aquilo que foi destruído, para quem possam reconstruir suas casas, hospitais, escolas, e viver dignamente com respeito.”
Em seguida, Lula voltou a defender o Estado Palestino: “É por isso que nós defendemos a criação do Estado Palestino, igual o Estado de Israel, e estabelecer uma política de convivência harmônica, porque é disso que o mundo precisa. O mundo não precisa de arrogância, de frases de efeito. O mundo precisa de paz e tranquilidade.”

Fila de imigrantes irregulares sendo deportados dos EUA (Foto: Casa Branca/Divulgação)
Lula: melhorar recepção dos deportados
Na entrevista, Lula falou sobre a situação dos brasileiros deportados dos EUA. Um novo voo deve chegar na próxima sexta-feira (7), em Fortaleza. O presidente afirmou que o governo federal vai melhorar as condições de recepção dos grupos.
“Estamos conversando com o Itamaraty e com a Polícia Federal, para que a gente possa ter todos esses dados ainda na Louisianna, onde eles embarcam, para que a gente possa se preparar.”
Sobre a guerra tarifária e as ameaças territoriais que Donald Trump vem promovendo desde sua posse, em 20 de janeiro, Lula afirmou que “os EUA também precisam do mundo” e que Trump terá de aprender a “conviver harmonicamente com Brasil, México, China”.
“Você tem um tipo de político que vive de bravata. Nenhum país pode brigar com todo mundo todo o tempo”, afirmou. Também disse que, se Trump levar adiante a ideia de aumentar a taxação sobre produtos brasileiros, o Brasil adotará a reciprocidade. “É o mínimo de decência, usar a lei da reciprocidade. (…) É simples e é muito democrático.”
Por fim, declarou: “Os EUA estão se isolando do mundo. E isso não é importante, nem pra eles, nem pro mundo. Como que a gente vai prescindir de um país do tamanho da China, da Índia, da Rússia, do México, dos países africanos? É preciso bom senso.”
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