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Lula defende taxação dos super-ricos e combate à fome em fórum na OIT

Segundo presidente, 'não há democracia com fome, desenvolvimento com pobreza e justiça na desigualdade'
13/06/2024 | 06h41

Por Andreia Verdélio — Agência Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu nesta quinta-feira (13) a taxação dos super-ricos e o combate à fome durante discurso na sessão de encerramento do fórum inaugural da Coalizão Global para a Justiça Social no âmbito da 112ª Conferência da Organização Internacional do Trabalho (OIT), em Genebra, na Suíça.

“Nunca antes o mundo teve tantos bilionários. Estamos falando de três mil pessoas que detêm quase US$ 15 trilhões em patrimônio. Isso representa a soma das riquezas do Japão, da Alemanha, da Índia e do Reino Unido. É mais do que se estima ser necessário para os países em desenvolvimento lidarem com a mudança climática”, afirmou.

No discurso, Lula aproveitou para criticar o bilionário Elon Musk, dono da empresa de exploração espacial Space X. “A concentração de renda é tão absurda que alguns indivíduos possuem seus próprios programas espaciais. Não precisamos buscar soluções em Marte. É a Terra que precisa do nosso cuidado”, acrescentou o presidente.

Lula: “Não há democracia com fome”

Lula afirmou ainda que o bem-estar da população está diretamente ligado aos compromissos de preservação do meio ambiente e que a relação entre capital e trabalho deve servir para minimizar as desigualdades sociais. Segundo o presidente, a OIT tem papel relevante diante dos desafios atuais.

“Não há democracia com fome, nem desenvolvimento com pobreza, nem justiça na desigualdade. Por isso, aceitei o convite do diretor-geral Gilbert para co-presidir a Coalizão Global para a Justiça Social. Ela será instrumental para implementar a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. O ODS 8 [Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 8] sobre Trabalho Decente para Todos não está avançando na velocidade e na escala necessárias para o cumprimento de seus indicadores”, disse Lula, lembrando que “a informalidade, a precarização e a pobreza são persistentes”.

Lula e o diretor-Geral OIT, Gilbert Houngbo, em Genebra. Foto: Ricardo Stuckert/ PR

Empregos informais

Lula também lembrou o crescente número de pessoas em empregos, tendo saltado de aproximadamente 1,7 bilhão, em 2005, para 2 bilhões em 2024. O presidente acrescentou que a renda do trabalho segue em queda para os menos escolarizados.

“As novas gerações não encontram espaço no mercado. Muitos não estudam, nem trabalham e há elevado desalento. Quase 215 milhões, mais do que a população do Brasil, vivem em extrema pobreza, mesmo estando empregados. As desigualdades de gênero, raça, orientação sexual e origem geográfica são agravantes desse cenário”, destacou.

Transição ecológica e digital

Lula ainda lembrou que o bem-estar dos cidadãos está diretamente ligado ao compromisso, “que deve ser de todos”, com a preservação do meio ambiente. Para o presidente, o enfrentamento das mudanças climáticas deve ter o foco na transição energética na promoção do desenvolvimento sustentável em suas dimensões econômica, social e ambiental.

“As florestas tropicais não são santuários para o deleite da elite global, tampouco podem ser tratadas como depósitos de riquezas a serem exportadas. Debaixo de cada árvore vivem trabalhadoras e trabalhadores que precisam de emprego e renda. A sociobioeconomia, a industrialização verde e as energias renováveis são grandes oportunidades para ampliar o bem-estar coletivo e efetivar a transição justa que defendemos”, disse Lula, destacando ainda que a transição ecológica deve ser pensada junto com a transição digital.

Coalizão Global

A Coalizão Global para a Justiça Social é iniciativa do diretor-geral da OIT, Gilbert Houngbo, e foi lançada no ano passado. São mais de 250 membros, incluindo governos, organizações de trabalhadores e empregadores, organizações multilaterais e nacionais e instituições financeiras, organizações acadêmicas e organizações não governamentais internacionais.

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