Não era propriamente um jabuti, era uma pegadinha de malandro. O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) pendurou na LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias) uma proposta em defesa da “família tradicional”.
A extrema direita aposta tudo nesse tipo de pauta, mesmo que tenha um histórico recente repleto de Flordelis — para lembrar apenas a pastora e ex-deputada conservadora que mandou matar o marido, em um folhetim da vida real digno da autoria de Nelson Rodrigues.
Jabuti, para quem não sabe, é o truque parlamentar que inclui em uma lei um tema que não tem nada a ver com a ideia do projeto a ser votado.
O filho 03 do ex-presidente consegui aprovar o jabuti da hipocrisia, com apoio das bancadas da Bíblia, do Boi e da Bala. Saiu da votação, no ano passado, se achando o “ixxxperto”, o rei da malandragem.
Não era propriamente um jabuti, estava mais para um cágado — cascudo do mesmo jeito, porém com mais agilidade e capacidade de sobreviver dentro ou fora d´água.
A LDO escondia, sob a carapaça bolsonarista, a seguinte proposta matreira: a União fica proibida de fazer gastos que promovam, incentivem ou financiem invasão de terras, desconstrução da família tradicional, aborto e mudança de sexo em crianças e adolescentes.
Puro suco de agrotóxico e pó de osso de caveira.
Lula desmontou a pegadinha parlamentar de malandro com o veto mais simples do mundo: não há nenhuma despesa no orçamento que contemple esse delírio dos extremistas.
Esqueça os bichos de cascos. A emenda não passava de uma colagem de fake news. Ponto.
Deixar a lorota no texto da LDO só provocaria confusões jurídicas que seriam usadas para inflamar as Damares da vida neste ano de eleições municipais.
A família brasileira agradece. Menos os falsos moralistas e tarados que se travestem de fiscais de banheiros para explorar as pessoas de boa fé.
Como já dizia um velho axé raiz do Asa de Águia de outros verões: xô satanás!
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