Em seu discurso na abertura da 79ª Assembleia Geral da ONU, na terça-feira (24), o presidente Lula pediu respostas da comunidade internacional sobre a emergência climática e sobre as guerras de Israel em Gaza e da Ucrânia. Também expressou solidariedade à Cuba e Palestina.
O Brasil, por uma tradição iniciada em 1955, é o primeiro presidente de um país a falar, depois dos líderes da ONU, o presidente da Assembleia-Geral, Philemon Yang (Camarões), e o secretário-geral da ONU, António Guterres.
“O planeta já não espera para cobrar da próxima geração, e está farto de acordos climáticos que não são cumpridos. Está cansado de metas de redução de emissão de carbono negligenciadas do auxílio financeiro aos países pobres, que nunca chega”, disse Lula.
Sobre as ondas de queimadas e incêndios no Brasil, Lula disse que o governo brasileiro não “terceiriza responsabilidades” e conclamou à resolução conjunta da crise climática: “O negacionismo sucumbe ante as evidências do aquecimento global. Dois mil e vinte e quatro caminha para ser o ano mais quente da história moderna. Furacões no Caribe, tufões na Ásia, secas e inundações na África e chuvas torrenciais na Europa deixam um rastro de mortes e de destruição”.
“No sul do Brasil tivemos a maior enchente desde 1941. A Amazônia está atravessando a pior estiagem em 45 anos. Incêndios florestais se alastraram pelo país e já devoraram 5 milhões de hectares apenas no mês de agosto. O meu governo não terceiriza responsabilidades nem abdica da sua soberania”.
Lula discursou na manhã desta teça na 79ª Assembleia-Geral da ONU, em Nova Iorque. Como é tradição, o presidente brasileiro foi o primeiro líder a falar, depois do presidente da Assembleia-Geral, Philemon Yang (Camarões), e do secretário-geral da ONU, António Guterres. A íntegra do discurso pode ser lida no site Agência Gov.
Lula: Estado sustentável e soberania
Em sua fala, referiu-se, novamente, ao bilionário Elon Musk, dono da plataforma X que desafia a legislação brasileira: “O futuro de nossa região [América Latina] passa, sobretudo, por construir um Estado sustentável, eficiente, inclusivo e que enfrenta todas as formas de discriminação. Que não se intimida ante indivíduos, corporações ou plataformas digitais que se julgam acima da lei”.
“A liberdade é a primeira vítima de um mundo sem regras. Elementos essenciais da soberania incluem o direito de legislar, julgar disputas e fazer cumprir as regras dentro de seu território, incluindo o ambiente digital”, afirmou.
Abrindo seu discurso com uma saudação à delegação da Palestina, motivo dos primeiros aplausos ao presidente do Brasil, Lula fez um apelo à paz e ao exercício do direito internacional, como forma de evitar a generalização dos conflitos.
“O que se vê é o aumento das capacidades bélicas, o uso da força, sem amparo no direito internacional, está se tornando a regra. Presenciamos dois conflitos simultâneos com potencial de se tornarem confrontos generalizados. Na Ucrânia, é com pesar que vemos a guerra se estender sem perspectiva de paz”, afirmou.
Também repetiu sua condenação aos ataques do Hamas contra Israel em 7 de outubro de 2023, mas disse a guerra se tornou “punição coletiva a todo o povo palestino”. “São mais de 40 mil vítimas fatais, em sua maioria, mulheres e crianças. O direito de defesa transformou-se em direito de vingança, que impede acordo para liberação de reféns e adia o cessar-fogo”.
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