ICL Notícias
Meio Ambiente

Com imagem do Brasil arranhada na questão ambiental, plano de governo de Lula inclui estratégias para liberar recursos do Fundo Amazônia

Recursos do fundo estão bloqueados desde 2021 devido à política de degradação ambiental encampada pelo governo Bolsonaro
15/09/2022 | 12h02

Entre os temas fundamentais do plano de governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), candidato à reeleição, está destravar a liberação dos recursos do Fundo Amazônia, caso o petista seja eleito. Assim, um futuro governo do PT pretende se diferenciar da marca ruim que a gestão Bolsonaro deixou para o Brasil na questão da preservação ambiental, pauta que tem sido cada vez mais valorizada por investidores internacionais.

Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, o coordenador do programa de governo de Lula, o ex-ministro Aloizio Mercadante, disse que já fez contatos com autoridades da Noruega e que tem a sinalização do país de que há abertura para discutir o destravamento do Fundo Amazônia em caso de vitória do ex-presidente.

Recentemente, a ex-ministra do Meio Ambiente do governo Lula, Marina Silva (Rede), declarou publicamente apoio à eleição do petista, com quem estava rompida desde a saída do governo. A despeito da crítica de aliados de seu partido, que apoiam outros candidatos, Marina mudou de ideia depois que pesquisas mostraram a chance de haver segundo turno entre Lula e o presidente Jair Bolsonaro (PL), candidato à reeleição.

Para Lula, ter Marina na campanha é muito bom por dois fatores especiais. Ativista da causa ambiental, Marina teve uma das melhores gestões à frente do Ministério do Meio Ambiente, quando os desmatamentos reduziram consideravelmente. Além disso, Marina é mulher evangélica, uma fatia do eleitorado na qual Lula perde para Bolsonaro e quer atrair.

Caso vença as eleições, o PT pretende aproveitar a COP27 (conferência do clima) que ocorrerá no Egito, em novembro, para apresentar Lula como um líder que representa a contraposição da política antiambiental de Bolsonaro.

Criado em 2008, o Fundo Amazônia tem o objetivo de financiar projetos que ajudam na preservação da floresta e no combate ao desmatamento. Até 2018, a Noruega foi responsável por 93,8% dos recursos captados, enquanto a Alemanha contribuiu com 5,7%, e a Petrobras, com 0,5%.

Devido à política ambiental desastrosa do governo Bolsonaro, países congelaram repasses ao Fundo Amazônia em 2019

Em resposta à decisão do governo Bolsonaro de extinguir os dois órgãos de governança do Fundo Amazônia, o Cofa (Comitê Orientador) e o CTFA (Comitê Técnico), dois países congelaram repasses ao Fundo Amazônia. Devido à decisão, o fundo estava com quase R$ 3,2 bilhões parados em dezembro de 2021. Autoridades do governo da Noruega já disseram que, assim que houver troca de governo, os recursos serão liberados.

Aloizio Mercadante disse à Folha que a equipe da campanha de Lula já está em negociação com o governo norueguês para acelerar o processo, caso o petista vença as eleições. “Só com a Alemanha, nós temos cinco fundos que estão paralisados. Recursos para a formação técnico profissional, para a área ambiental, para a área de ciência e tecnologia, [que] estão paralisados”, disse o ex-ministro.

Segundo a reportagem, as autoridades norueguesas reforçaram ser necessário o cumprimento de ao menos dois dos três requisitos sobre o Fundo Amazônia para liberar os recursos: um modelo de governança que seja aceitável para os países doadores; um plano convincente de redução do desmatamento; e a apresentação de resultados concretos no combate à desflorestação.

Em agosto, o ex-presidente esteve com indígenas em viagem à Amazônia. Na ocasião, ele afirmou “que a boiada não vai passar mais”, em uma alusão à fala do ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles, ao se referir à flexibilização de normas ambientais, quando todas as atenções estavam voltadas à pandemia de Covid-19.

Na viagem, Lula recebeu demandas de cientistas e representantes dos povos da floresta em prol da liberação do dinheiro do fundo.

Ainda na área ambiental, o programa de Lula visa à implementação de linhas de crédito verdes, com juros mais baixos, para incentivar uma agricultura que converta pastagens degradadas em lavoura, com captura carbono, a fim de diminuir o desmatamento e, ao mesmo tempo, aumentar a área plantada.

“A transição ecológica é um eixo estruturante de todas as nossas políticas”, disse o coordenador do plano de governo petista. “Podemos abrir linhas de crédito diferenciadas para incentivar a migração para uma agricultura que sequestra carbono”, enfatizou.

Redação ICL Economia
Com informações da Folha de S.Paulo

Deixe um comentário

Mais Lidas

Assine nossa newsletter
Receba nossos informativos diretamente em seu e-mail